sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Tarde

 

A tarde, despe-se

Aos poucos, regressa a noite

Meia envergonhada

Ensonada

Ainda,

 

Senta-se junto à lareira

Puxa de um cigarro

Abre um livro

E lê,

 

Lê e escreve

Que a noite já se instalou

Que traz o vento

Para afugentar a neblina

E que amanhã é sábado,

 

Que as lágrimas agora são estrelas

Que os cortinados das janelas são coloridos

Quando eram panos pretos,

 

Que a noite é um jardim de desejo

Com flores

Com árvores e pássaros…

E às vezes, a chuva veste-se de sol,

 

E a tarde, já foi

Deixou de o ser

Mesmo assim,

A tarde é sempre um poema

Uma lareira nos teus lábios.

 

 

26/01/2024

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