domingo, 14 de janeiro de 2024

O veneno mel

 

Morres-me em cada equação que resolvo,

Morres-me em cada poema que escrevo,

Em cada manhã que acorda.

Morres-me em cada mar que sofre

E implora

Que não me morras.

 

Morres-me quando se ergue o sol

E ilumina os campos de milho de Carvalhais,

Oiço ao longe o sino da igreja,

Oiço ao perto,

O moinho eléctrico do tio Serafim,

E ficava horas à janela a olhar os melros.

 

Morres-me quando a noite é insónia,

E penso que será melhor assim,

Morreres-me antes que seja dia.

Morres-me quando uma fina lâmina de sémen

Pois nos lençóis do silêncio…

E uma abelha deixa nos teus lábios o veneno mel.

 

 

14/01/2024

Sem comentários:

Enviar um comentário