terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Manto de sono

 

À Cristina,

 

 

Encosta os teus lábios nos meus lábios, olha-me, e finge que sou um papagaio em papel.

Encosta a tua boca,

Na minha boca,

Maresia que só a manhã consegue distinguir… no meio de tantos barcos,

Encosta a tua mão na minha mão, e acredita que o sol nos vai levar para a lua.

 

Encosta o teu corpo no meu corpo, abraça-me,

Dança comigo no centro da seara,

E vamos pedir ao centeio

O pão desejo em luar.

 

Encosta o teu olhar no meu olhar,

Aprisiona-me à ribeira que desce a montanha,

Sentamo-nos nesta pedra cinzenta

(e tu que gostas tanto de pedras, meu amor)

E vamos ser a insónia quando um poço de desejo adormece os nossos corpos,

Quentes, escaldam como dois pedaços de lava

Que se desprendem do vulcão.

 

Encosta os teus lábios nos meus lábios, sê a chuva que cai sobre a ponte,

Encosta o silêncio do teu cabelo ao caos do meu cabelo…

E beija-me,

E ama-me,

 

Enquanto o céu for um manto de sono nas palavras do poeta.

 

 

23/01/2024

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