quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Incêndio pétala

 

Mordo os teus lábios

Noite incêndio pétala

Mordo os teus lábios

Silêncio infinito que apenas o desejo conhece

Escrevo em ti

Tudo aquilo que me apetece

Que te amo

Que te desejo

E que me aqueces

 

Escrevo em ti o meu desejo

Disfarçado de mendigo

Escrevo tudo aquilo que me apetece

Tudo aquilo que eu digo

Mordo os teus lábios

Seara loira dos ventos emergentes

Trigo do teu sorrir

Morder os teus lábios

E partir

Em busca do mar

E de novas gentes

 

Mordo os teus lábios

Meu amor

Mordo os teus lábios enquanto escrevo enquanto fumo enquanto bebo…

Enquanto me sento em frente à lareira

Enquanto leio

Enquanto te olho

Enquanto me abraço a esta ribeira

Deusa míngua das manhãs de Inverno

Manhãs em que penso

Que a minha vida sem ti era um Inferno

Era um poço fundo e escuro

 

 

Mordo os teus lábios

Gaivota que voa sobre as sílabas da cidade

Flor que dorme neste jardim

Quentinho e perto de mim

Mordo os teus lábios

Madrugada que me acorda

E me pede

Que escreva nela

Que semeie cada palavra

Em cada pedacinho de pele

Como o faço

Quando te deitas nos meus braços

 

Mordo os teus lábios

Meu amor

Abro a janela

E vêm a mim todas as estrelas do céu

Depois

São os planetas são os buracos negros e são os teus lábios

Enquanto os mordo

Mordo os teus lábios

Meu amor

Mordo os teus lábios.

 

 

11/01/2024

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