segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Fogueira

 

Arde a fogueira, arde e não sabe a razão de arder.

Às vezes, tenho ciúmes desta fogueira,

Queria arder como ela,

Queria.

Arde a fogueira e olho-a e pergunto-lhe e digo-lhe e peço-lhe…

Que posso eu pedir a uma fogueira que arde,

Que aos poucos desaparece neste silêncio de fingir,

Na mentira de arder.

Esta fogueira

Na maré princesa de amar.

 

Arde esta fogueira. Os meus olhos ardem, com ela.

E não me canso de pedir a esta fogueira

As maresias e as hortências da madrugada,

Quando tudo arde,

Quando tudo é nada,

Quando o nada se transforma em cinza,

Arde, arde meu amor de fogueira

Nesta sombra de viver,

Ardendo e ser consumido por um verme,

Castanho, pigmentado de tinta florescente,

À espera de me ver morrer.

 

Arde menina arde fogueirinha.

Arde esta fogueira e invejo-a e prometo arder também

Assim que a noite desça à tua mão.

 

Arde esta fogueira e arderia eu também, se me deixassem…

E eu não me canso de lhe pedir

Um pouco do seu lume,

Que eu sinto ciúme desta fogueira…

Que eu sinto azedume desta vida.

Ela arde

Eu vou arder

E quem sabe

Nos teus braços.

 

 

01/01/2024

Sem comentários:

Enviar um comentário