quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Em frente ao Douro

 

Arrecado a cânfora manhã que há em ti, pego nas tuas mãos e olho-as como se fossem um pedaço de xisto,

Em frente ao Doro, cada socalco dos teus seios,

É um deslumbre,

É a manhã ao acordar,

 

Em frente ao Douro,

Cada curva deste rio é uma curva do teu corpo, é o diamante dos teus olhos,

Em frente ao Douro, a cânfora manhã que há em ti,

É erguer-se perante Deus,

É a noite a despedir-se dos bêbados,

 

Em frente ao Douro, misera enxada em busca de pão,

Quando o nevoeiro e a geada,

Quando o teu cabelo se entrelaça

Na madrugada,

E o meu coração

Fica refém da cânfora manhã que há em ti.

 

Em frente ao Douro.

 

 

11/01/2024

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