quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

A tua voz

 

Oiço nos estalidos do fogo a tua voz

Melodicamente acordada,

Parecem margaridas,

Parecem a madrugada

Enquanto espera as nuvens perdidas

Que do outro lado da insónia rompem biblioteca adentro.

 

Oiço o silêncio da tua voz

Nos estalidos do fogo,

Muito bem vestido

O rapaz que traz o pão

Deixa sobre a mesa um bilhetinho para ti,

São os meus desejos

Desejar os teus desejos.

 

Oiço a tua voz

Em cada poema que escrevo

Em cada poema que escrevo e jogo no lixo

Em cada poema que escrevo

E longo em seguida,

Mato-o.

 

Com a tua voz.

Oiço a tua voz

E pergunto-me se estarei louco,

E pergunto-me porque choravam as acácias da minha infância…

Mas isso, já é outra estória, outra saudade…

Oiço a tua voz

E sei que o infinito existe;

São os teus olhos de mar.

 

 

04/01/2024

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