Os teus olhos,
Meu amor,
Não têm o mar,
Os teus olhos
Têm os meus olhos.
Os teus lábios,
Meu amor,
Não têm mel,
Os teus lábios
Têm os meus lábios.
As tuas mãos,
Meu amor,
Não têm flores,
As tuas mãos
Têm as minhas mãos.
Os teus olhos
Têm palavras, têm
silêncio, têm barulho
Têm uma lareira de
insónia
Quando regressa a noite,
Quando a noite pertence
aos teus lábios,
Quando a noite se veste
de poema…
E caminha descalça pela
rua.
Os teus lábios,
Meu amor,
Os teus lábios têm a
mediatriz do desejo,
Os teus lábios têm a
chuva, miudinha, em pequenas gotículas
Quando ao longe se vê o
pôr-do-sol.
Os teus lábios têm a
quinta sinfonia de Beethoven,
E, no entanto,
Às vezes,
Procuro nos teus lábios
Poemas de AL Berto ou de Botto;
felizmente que os encontro.
E das tuas mãos, meu
amor,
Das tuas mãos chegam a
mim os sons do silêncio, das tuas mãos chegam a mim os primeiros pingos de chuva
da manhã,
E das tuas mãos, a âncora
para que o meu corpo não voe sobre o mar,
E apenas voe no teu
olhar.
E das tuas mãos,
O poema que nunca se
perde,
E se escreve,
Enquanto a noite brinca…
Na tua mão.
12/12/2023
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