sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Manhã de Outono

 

Tropeço neste amontoado de sucata, sono invisível que desce pela chaminé, quando cai a noite,

Chove, não sei o que chove, meu amor

Palavras?

Silêncios e despedidas?

Solidão…

Cada dia de tristeza, cada hora de sofrimento, o homem habita esta sanzala de medos,

O homem morre

De tédio

E do cansaço da alvorada

 

Neste momento

Nada.

 

Tropeçar.

Cair sobre o feno da madrugada, onde dois corpos suados mergulham na insónia, abraçam-se como se fossem duas fatias de pão,

Dois farrapos de conversa,

Flores más, flores que durante a noite assombram as estrelas,

Flores de Deus

Em flor

Nãos mãos de este ateu.

 

Tropeço.

Não me levantarei mais, acredito eu, quando consulto os meus oráculos, onde posso concluir, que amanhã

Nada,

Pedras em constante evolução, miséria e companhia, a cada dia, terrenos ao abandono, tractores agrícolas, muito doentes,

E eu, tropeço…

Numa simples sombra

Duma simples manhã de Outono.

 

 

15/12/2023

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