Abraço-te e mato-te com
beijos
Desenhados
E mato-te
Com beijos escritos
Com as minhas mãos
Retalho o teu corpo em minúsculos
pedacinhos
Escrevo neles
E guardo-os nos meus
lábios
Abraço-te e mato-te
Com os meus beijos
Abraço-te e mato-te logo
que acorda a manhã
Ou quando a noite
Brinca no teu púbis
Abraço-te e mato-te
Com os meus beijos
E com o medo de perder
cada pedacinho do teu corpo
Sento-me nesta cadeira e
esqueço-me que te abracei e matei com os meus beijos
Abraço-te
Em seguida
Mato-te
Com os meus beijos
Com os meus lábios
Quando percorrem os
sonolentos sombreados do teu corpo
E sinto o mar no teu
clitóris
Ergue-se Deus na alvorada
E Deus percebe que há uma
lâmina de sémen poisada na madrugada
E deus percebe
Que te abracei
E Deus percebe
Que te matei
Com os meus beijos
Com as minhas palavras
Abraço-te
Mato-te
Com os meus beijos
Se a lua fosse cinzenta
Se o mar fosse uma canção
Ou um pequeno poema
Se eu fosse Lúcio
Se eu fosse qualquer
coisa diferente de não ser nada
Se te abraço e mato
Como poderei sobreviver
nesta selva
Ou nesta sanzala?
Abraço-te e mato-te
Coisa pouca
Aos poucos
Com as minhas palavras
E com as lágrimas desta
fogueira
Eu te abraço
E eu te mato.
23/12/2023
Sem comentários:
Enviar um comentário