Sento-me nesta cadeira fria
E cinzenta
Sento-me nesta cadeira em
solidão
Que lamenta
A flor-cardo que afugenta
do coração
O medo que sentia,
De me sentar
Nesta cadeira
Escura e fria
Parecendo o remorso de
uma ribeira,
Sento-me nesta cadeira
E pela janela olho a
manhã em despedida
Que corre calçada abaixo
em correria
Não percebendo que nesta
cadeira
Habita o sonho da partida
Em direcção à fogueira,
Em direcção ao nada,
Nesta cadeira fria e
escura e sem madrugada
Sentada
Sobre mim a forca da
alvorada
De corda na mão e
silêncio nos lábios
Me aponta a caneta para
escrever
O meu último desejo;
Escrever até morrer,
E morrer em teu beijo.
25/10/2023
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