Éramos o tojo
Nas mãos de Deus
Calejadas pelo silêncio
de uma qualquer madrugada
Quando o poema desenha o
seu orgasmo
Numa pequenina folha em
papel
Fez-se luz
Acorda o dia
Abre a janela
Puxa de um cigarro
E pensa,
Fuma um dos pedacinhos do
pensamento.
Éramos o tojo
A silva agreste nas mãos
do agricultor
A fome e o frio
As vidraças todas
partidas
Todas
E eles
Eram felizes
Com Deus o é.
Éramos o tojo nas mãos de
Deus
Criador do Céu e da Terra
Da mulher e do homem
Das árvores e dos
pássaros
Que voam
Sobre ti
Numa noite de Inverno
Junto ao rio
Debaixo do rio
O segredo imensurável da ausência.
Perdidos.
Eles.
Naquela triste escuridão
Dentro daquele malcheiroso
quarto
Horrível
A janela para um jardim
pobrezinho
Que nem pássaros tinha,
Perdidos
Perdidos de algibeira na
mão
Perdidos no pão
E perdidos
Mesmo de louco-perdidos
Ou perdidos de louco
Sem saberem que a loucura
é a saliva de Deus
E Deus…
Não o sei!
20/09/2023
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