quarta-feira, 20 de setembro de 2023

O tojo flor nas mãos de Deus

 Éramos o tojo

Nas mãos de Deus

Calejadas pelo silêncio de uma qualquer madrugada

Quando o poema desenha o seu orgasmo

Numa pequenina folha em papel

Fez-se luz

Acorda o dia

Abre a janela

Puxa de um cigarro

E pensa,

 

Fuma um dos pedacinhos do pensamento.

Éramos o tojo

A silva agreste nas mãos do agricultor

A fome e o frio

As vidraças todas partidas

Todas

E eles

Eram felizes

Com Deus o é.

 

Éramos o tojo nas mãos de Deus

Criador do Céu e da Terra

Da mulher e do homem

Das árvores e dos pássaros

Que voam

Sobre ti

Numa noite de Inverno

Junto ao rio

Debaixo do rio

O segredo imensurável da ausência.

 

Perdidos.

Eles.

Naquela triste escuridão

Dentro daquele malcheiroso quarto

Horrível

A janela para um jardim pobrezinho

Que nem pássaros tinha,

 

Perdidos

Perdidos de algibeira na mão

Perdidos no pão

E perdidos

Mesmo de louco-perdidos

Ou perdidos de louco

Sem saberem que a loucura é a saliva de Deus

E Deus…

Não o sei!

 

 

20/09/2023

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