terça-feira, 18 de abril de 2023

O velho e o mar

 Invento o sono

Nos teus lábios de doce mel

Quando a manhã se ergue.

Invento a solidão

Apenas porque preciso da solidão

Apenas…

Apenas porque eu sou a solidão.

 

Invento o Inverno

Invento a geada

Queixo-me da Primavera

Enquanto me perco em invenções…

A Terra gira

E Deus… olha-me

Incrédulo

Olha-me como se eu fosse um louco

Ou “o velho e o mar” de Hemingway

E depois…

Depois percebo que sou o louco

E sou realmente o velho

O velho sem o mar…

 

Invento este vadio sono

Na esperança de que a ausência me leve

Ou o vento me leve

Ou o vento me traga

A insónia

Invento tudo isto

Na esperança de um dia me sentar em frente ao mar…

E esperar que alguém me venha resgatar.

 

 

 

 

Alijó, 18/04/2023

Francisco Luís Fontinha

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