quarta-feira, 19 de abril de 2023

Morte

 Morres no interior das minhas mãos

Enquanto lanço para o mar

A enxada com que escrevo…

Morres tal como eu

Aos pucos

Morro…

No interior das tuas mãos.

 

Morres nos olhos desta montanha

Que subo

E que recuso descer…

Onde me sento e durmo

Como um sonâmbulo amaldiçoado.

 

Morres

Cadáver desgovernado

Príncipe do silêncio

Maldito sejas

Poeta

Poeta do enforcamento.

 

Abraço-te

Enquanto morres dentro deste meu corpo

Deste pequeno corpo ensanguentado

Doente

Envenenado pela solidão nocturna do Adeus.

 

Morres no interior das mãos

Como morrem as sombras quando acorda a noite

Morres

Cansaço em despedida…

Espingarda da paixão

Que não se cansa de disparar contra a multidão

Pedacinhos em papel

E barcos em cartão.

 

 

Francisco

19/04/2023

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