Deixei de sentir
Este corpo que
me transporta
Já não sou nada
Deixei de sentir
a melodia das palavras
Deixei de comer
E de olhar as
madrugadas
Deixei de viver
Debaixo deste
velho cacimbo
De palmeiras
invisíveis
E de mares angustiados
Deixei de olhar
estas velhas fotografias
De ossos
E de rostos
envenenados pelo silêncio
Deixei de sentir
Sentir as cores
da madrugada
Deixei de
perceber
O segredo das
pedras cinzentas
Deixei de me
olhar
Quando este
espelho de insónia
É a saudade que
lamentas
Deixei de beber
estas lágrimas que dormem na fogueira
Quando este
poema que me assassina
Brinca nesta
pobre lareira
Deixei de sentir
Sentir este
corpo que me transporta
Alijó,
16/11/2022
Francisco Luís
Fontinha
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