Sou um artista de merda
E não desfazendo em
ninguém
Um poeta atolado na merda
Fui um filho de merda
Um pai de merda
E sou um grande filho da
puta de merda
Para os meus irmãos
No entanto
Sou um gajo muito feliz
De merda
Fui um amante de merda
Escrevedor de cartas nas
horas vagas
Fui picheleiro
Ainda não fui barbeiro
Mas talvez um dia
Seja um barbeiro de merda
Como fui um pedreiro
De merda
Conceituado
Diplomado
Fui cantoneiro
Fui ferrador
Fui motorista de
madrugadas
Todas elas
Madrugadas de merda
Fui puta
Fui controle remoto
Televisão
Caixote de mercadorias
Fui tudo em merda
Da merda da minha vida
Fui mercadoria em transacção
Maconha
Pão
E sou agora este alegre
caixão
Francisco Luís Fontinha
23/10/2022
Sem comentários:
Enviar um comentário