domingo, 8 de junho de 2014

Noite

foto de: A&M ART and Photos
Noite, que me comes e te saboreias em mim,
noite,
que me transformas em fantasma, em vagabundo diplomado,
noite, que me absorves, como se eu fosse um corpo prostituto mergulhado na escuridão,
sem paciência, sem amor... e sem paixão,

Noite,

Noite, que teimas em abrir janelas no meu corpo com vista para o mar,
e te alimentas de mim, e te alimentas da minha fraqueza,
noite, que me embriagas com os teus sonhos, e me deixas estendido na valeta sem nome,
porque tu, noite, és uma puta com fome,
uma puta de néon que incendeia o meu esqueleto de madrugada,

Noite,

Noite... noite sem sentido,
estrada atafulhadas de cacos e navalhas,
noite, que dizes ser a minha melhor amiga...
e eu, e eu, e eu não tenho nenhuma melhor amiga,
noite, deixa-me que eu pertenço à cidade dos silêncios com cabeça de vidro,

Noite.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 8 de Junho de 2014

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