domingo, 10 de junho de 2012

a contar os barcos mergulhados em sexos murchos

Oiço do espelho que me come
o cansaço das tardes de primavera

(um velho com um chapéu de palha
sentado sobre a pedra do esquecimento)

os melros anunciam-me que ao longe
um espelho invisível
esperam-me
quatro cadeiras
um velho com um chapéu de palha
a contar os barcos mergulhados em sexos murchos
e palavras
palavras com lágrimas
barcos com sexos murchos
nos umbrais da agonia
esqueletos de rissóis
eu
tu
barcos
a primavera
os melros
a esplanada
quatro cadeiras
três livros
um sumo de laranja
os barcos mergulhados em sexos murchos
e palavras
ai as palavras
antes de tocarem no dia
morre a cidade
morre o rio
quatro cadeiras
um rio
um velho
o chapéu de palha sentado na perda do esquecimento
barcos
os barcos
nos sexos murchos da cidade.

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