terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Palavras parvas nos meus olhos parvos

Dentro da garganta dos sonhos
Uma língua de fogo incendeia o meu corpo
E das minhas mãos desprendem-se malmequeres
E botões de rosa
E palavras desconexas que se perdem no vento
E palavras parvas nos meus olhos parvos dão vida aos poemas

Que semeio nas paredes escuras do corredor da morte
Sento-me sobre uma pilha de livros
E rezo
E esqueço-me que a fogueira consome os meus braços
E esqueço-me que na garganta dos sonhos
Um fio de luz prende-me à vida e não me deixa partir

Dentro da garganta dos sonhos
Pinto o mar na digestão da solidão
E os sonhos engolem as minhas cinzas
Engolem as minhas palavras
Engolem o mar que pintei na digestão da solidão
E rezo

Rezo que das minhas cinzas cresçam poemas
E das minhas mãos os malmequeres e os botões de rosa
Subam ao céu
E repousem junto a um buraco negro
Longe muito longe infinitamente longe
Onde as minhas palavras parvas e os meus olhos parvos

Brincam de mão dada a duas parvas retas paralelas

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