segunda-feira, junho 30, 2025

 

É DA LUZ O SILÊNCIO DA ESPADA, QUE SE ESCONDE NO BRAÇO, ENTRA NAS VEIAS

E AO FINAL DO DIA,

REGRESSA AO MAR,

SOBE À MAIS ALTA MONTANHA DO SONHAR, É DA LUZ, NO TEMPO QUE SE ESCOA NAS TUAS MÃOS, MEU AMOR,

EM TEU OLHAR,

A FLOR.

O amor, meu amor

O amor pode ser

A flor,

Também o amor

Pode ser dor,

Pode o amor ser também a lágrima do luar,

Pode ser a esperança,

Pode o amor ser o sorriso do mar

Ou o cabelo em vento de uma criança.


um dia saberei perguntar-me porquê

 

um dia

saberei perguntar-me porquê

um dia vou perceber que tudo isto é apenas um pedaço de silêncio

e tudo isto, começa nas estrelas, planetas, coisas que ninguém percebe

um dia vou conseguir deslocar um ponto qualquer do meu corpo, um ponto com um milímetro de diâmetro

para um bilião de metros de distância

e com ele

irão todos os triliões de pontos do meu corpo

 

a isto vou chamar de transporte

ou teletransporte

um dia será possível chegar a marte em menos de uma semana

um dia marte é já ali

e a lua

será o alpendre de nossas casas

 

um dia o poema será apenas um olhar

imagina, meu amor, quantos poemas eu já te escrevi…

um dia será sábado

ao outro dia

passaram um milhão de anos

um dia

um dia o vento será o cortinado do teu cabelo

esquina de luz

 

uma esquina de luz incendeia a noite

escura de ti

ausente de mim

este martírio de viver

de ser

assim

 

há uma voz de mulher a escrever na sombra

o poema do adeus

adeus sempre que acorde

uma estrela

 

nada faz sentido

viver, não faz sentido

dormir muito menos

faz sentido

 

uma esquina de luz incendeia a noite

escura de ti

sem uma única janela

nem um olhar teu, um só

como são distantes as flores do teu cabelo

quando a manhã é apenas uma folha de silêncio

nos teus lábios

mulher mãe

 

mulher mãe

sem tempo para ser mulher

mulher guerreira

que luta

labuta

e não tem medo da insónia

 

mãe mulher madrugada

do escuro faz uma enxada

com a lua constrói a liberdade

mulher mãe

sem medo de ser mulher

sem medo de ser mãe

domingo, junho 29, 2025

dança sobre a chuva

 

abalroado, o sítio destino de um comboio em lágrimas

o fogo alimenta a esfera de quartzo que se ergue sobre a mesa, do livro, oiço-te inventando sílabas de mármore depois do sono, aqui é a lua confinada ao mercúrio menino

dormir nos teus seios, aqui

o mar aconchega a ferida do final de tarde, a primavera é o cacto, cativeiro orgasmo

oiço-te, invento em ti a geada, capaz de subir à montanha de um apenas abraço, em te ouvir

o cigarro fuma a sua primeira lágrima, o sono é o rei da selva, veste-se de leão, senta-se também sobre a mesa

o verão desce pela janela do encerado, é sábado

depois da chuva, depois do silêncio pertencer aos teus seios

do molhado orvalho, que se veste no teu corpo

e dança sobre a chuva

nos teus seios

 

chovem nos teus seios, meu amor

caem pedacinhos de mel em pequenas palavras

chovem nos teus seios, o silêncio do meus lábios

e a insónia, e as madrugadas

 

chovem nos teus seios, meu amor

as lágrimas choradas, e as searas

e as pedras lançadas

chovem nos teus seios, meu amor

o rio e o mar…

e as mãos desejadas