O que me escrevem
Os teus olhos,
Meu amor!
O que me falam
Os teus lábios,
Meu amor!
O que desenham
As tuas mão,
Meu amor!
O que pensarás, de mim, meu amor, quando
regressa a noite!
11/12/2023
Se eu te perder
Dentro da fogueira que
trago no peito
Se eu te perder
Sabendo que nunca te tive
Sabendo que nunca dormi
na tua noite
Que nunca brinquei no teu
sonhar,
Se eu te perder
Que farei?
Que farei, menina do mar…
Se eu te perder
Dentro deste poema em
construção
Nesta jangada de vísceras
Onde me escondo, de ti
Com medo de te perder
Com medo de te amar,
Que farei, menina do mar…
Se eu te perder
No silêncio nocturno da
insónia
Quando o medo de te
perder,
É tanto,
Tanto…
Se eu te perder
Que seja numa noite de
luar,
Que farei, menina do mar…
Se eu te perder,
E nunca mais te
encontrar!
10/12/2023
E se eu não encontrar
A tua mão
Nestes lençóis de
margaridas ensonadas
E se eu perder a tua mão
No silêncio do mar
Do mar este coração
Que te procura em todas
as madrugadas
E se eu não encontrar
A tua mão
Nesta cama de poesia
Pertinho desta lareira
O que farei com esta canção
De acordar e de adormecer
Com medo de encontrar
De encontrar a tua mão
E se eu não encontrar
A tua mão
Neste livro que te
escrevo
Deste livro que amas e te
apaixonas
E se eu não encontrar
A tua mão
Quando nasce o dia
Ou quando morre o Verão
E se eu não encontrar…
A tua mão,
Nos nossos corpos em paixão.
10/12/2023
Procuro a tua boca nesta
cama de gemidos, procuro a tua mão, neste poço de desejo,
Procuro os teus lábios,
procuro o teu cabelo
Nesta cama de silêncios,
Procuro os teus seios com
a mão que te escrevo,
Procuro os meus lábios
Com que te beijo.
Procuro o poema que deixo
no teu corpo, procuro a flor que trazes no peito,
Procuro nesta cama de
insónia,
A derradeira paixão de te
amar loucamente,
Menina do mar,
Menina com olhos de mar
E lábios de mel.
Procuro no teu olhar o
livro que desenho no teu sorriso, procuro a primeira lágrima da manhã nas tuas
coxas, procuro a noite, procuro o dia
Nas tuas mãos de
amendoeira,
Procuro o frio e o calor
desta lareira,
Na tua boca,
Que procuro,
Nesta cama de gemidos.
Procuro a madrugada.
Procuro o teu púbis
nestes lençóis de meninice, nesta cama de palavras, procuro
Esta enxada,
Procuro a lâmina com que
corto a solidão, em pedacinhos, em pequenos tormentos das tuas lágrimas,
Procuro
O teu corpo nas minhas
mãos.
10/12/2023
O que é que eu faço
Se tu me morres
O que é que eu faço
Se nada fazer
E perder
Os teus abraços
E como faço
Se perder os teus olhos
O que é que eu faço
Se tu me morres
O que é que eu faço
Se não tiver palavras
Se não tiver poemas
Se não tiver nada
Se não tiver dia
Noite
E uma cama
O que é que faço
Se não tiver onde dormir
O que é que eu faço
Se tu me morres
E perder os teus lábios
E perder
Se tu me morres
O teu cabelo de mendigo
silêncio
O que é que eu faço
Se tu me morres
Se tu me morres
O que é que faço
Talvez não o faça
Fazer
Fazendo
Se tu me morres
Não ter tempo para
escrever
O que é que eu faço
Meu Deus
O que é que eu faço
Se tu me morres
E eu deixe de tez paz
E eu deixe de ter amor
O que é que eu faço
Se tu me morres
E me morre também esta
flor
09/12/2023
Espetais-me asas
De pássaros em brasa
De pássaros em cio
Espetais-me asas de
papelão
De pássaros em solidão
Em brasa
Estas asas que me espetam
E fazem do meu corpo
Um pequeno vómito
Espetais-me asas
Dos tantos pássaros do meu
viver
Da minha vida emparelhada,
na minha vida, sem açúcar
Espetais-me asas
Em brasa
Neste corpo despido para
os teus olhos
De pássaros envenenados
Espetais-me asas
De pássaros em brasa
Na brasa da minha mão
Espetais-me asas
De pássaros
E de nada
Em brasa
As asas que me espetam
Espetais-me asas
Em mim
No meu peito
Espetais-me asas
Em teu cabelo
Em teu olhar
Espetais-me asas
Margaridas em brasa
E em brasa
Aquela flor
Que me espetam
Que me doi
Quando acorda a manhã
Espetais-me asas
Brasas
Asas de pássaro
Espetadas
Em mim
Espetais-me asas
De pássaros em masturbação
Com a mão em brasa
As asas
Que me espetam no coração
Espetais-me asas
Madrugadas
De pássaros sem dormir
Asas loucas
Loucas asas
Em brasa
No silêncio do meu olhar
No silêncio do meu sorrir
Espetais-me asas
Muitas asas do meu
anoitecer
Espetais-me asas
Asas de amar
Asas
Em brasa
Nas asas de morrer
Espetais-me asas
Asas sem eu saber
Espetais-me asas nas
palavras de escrever
Em brasa
Este corpo com asas
As asas
Que me espetais
Espetais-me asas
Muitas asas
De pássaros com olhos em
turbilhão
Espetais.me asas
Muitas asas
Em brasa
Em tua mão
09/12/2023
Não tenhas medo de dormir
nos meus olhos
Não tenhas medo do meu mar
Nem medo da Primavera
Não tenhas medo do meu
olhar
Quando te olha nas mãos
desta tela
Não tenhas medo de amar
Livremente como uma
gaivota
Não tenhas medo de sonhar
Nem medo de abraçar
O meu peito em revolta
Não tenhas medo da minha
mão
Porque ela apenas sabe
escrever e sabe desenhar
Não tenhas medo do dia
Nem medo do mar
Do meu mar
Em poesia
Não tenhas medo de
acordar
Mesmo que o dia esteja
triste e sonolento
Não tenhas medo das
minhas palavras
Nem medo do vento
Nem medo das minhas
madrugadas
09/12/2023