Quando era pequenino
Sonhava com o sorriso dos
peixes.
Desenhava palavras de
menino
Na mão tracejada pela
escuridão dos pássaros,
E, um dia, das palavras
de menino,
Ao amanhecer,
Vi os teus olhos semeados
na areia;
Sabia que um dia,
qualquer dia,
Sem perceber que tinha em
mim, aos poucos, um jardim de papel,
Alicerçado à minha triste
veia,
Acordaria o teu sorriso.
Demorou anos, eternidades,
Passei por tempestades,
Oceanos recheados de
medo,
E, esse dia, um dia,
talvez aquele dia…
Regressou à minha mão,
E, fiquei com os teus
lábios de amêndoa.
Quando era pequenino
Sonhava com o sorriso dos
peixes,
Alimentava-me de sombras,
Triciclos em madeira,
Menino traquina,
Trapezista em construção,
E, procurava, na sanzala
da saudade,
Os olhos do teu coração;
Amanhã, depois de amanhã,
o dia, a noite,
E todos os pássaros,
Dormirão na tua boca.
Poço infinito dos beijos
prometidos,
Canções, palavras… sonhos
perdidos,
Que só a manhã sabe
construir.
Hoje, sou o dia,
Hoje, sou aquele menino,
Que na tua mão,
Escreve a palavra Amo-te;
Eis o sorriso dos peixes.
Francisco Luís Fontinha,
29/08/2020