Não
tenho pressa de caminhar.
Não
tenho na mão a pedra filosofal.
Não.
Não percebo este rio a chorar.
Quando
o cansaço laminado da manhã, sofre, vomita as palavras de Inverno.
Não
tenho nos livros as tuas mãos quando o amanhecer acorda,
Não
sei quantas pedras, hoje, tenho para atirar à tua sombra.
Não
tenho a madrugada para chorar.
Não
tenho as lágrimas para desenhar,
No
chão abandonado pelo silêncio.
Não
tenho a noite para dormir.
Não
tenho o dia para sorrir.
Não.
Não sei se hoje é dia para correr,
Chorar,
Ou
morrer.
Não
tenho as letras do teu sorriso,
Quando
o sol ilumina os candeeiros do sofrimento.
Não
tenho as imagens do mar,
Salvado
pelo amanhecer.
Não
tenho as sandálias dos pequenos alicerces da cidade dos Deuses.
Não.
Não tenho pressa de caminhar.
Não
me digam que hoje posso subir à montanha da despedida.
Não
o vou fazer.
Porque
hoje,
Hoje
não tenho tempo para morrer.
Hoje
não é o tempo da partida.
Francisco
Luís Fontinha
20/06/2020