domingo, 5 de agosto de 2018

Que sítio é este, meu amor!


Que sítio é este, onde me trazias lágrimas e palavras,

Ao final do dia,

Quando o meu corpo sentia,

A saudade desorganizada da fantasia,

Que corpo é este, onde me alimentavas a poesia,

E ao nascer do dia,

Uma gaivota apaixonada,

Me dizia…

Amanhã não serás nada,

 

Que amor é este, que trazes na lapela,

E afoguentas o Verão…

São palavras, senhora,

São vírgulas envenenadas pelo vento,

Que vem e vão…

 

Que silêncio é este, menina das tardes perdidas…

 

Entre rochedos e riachos, entre parêntesis e lâminas de incenso,

E lágrimas vendidas,

Numa qualquer feira, numa qualquer cidade,

Incendiada pelos teus seios, numa qualquer madrugada,

 

E searas.

 

Que triste, meu amor, as amoras selvagens,

Dormindo nos caminhos pedestres,

Descendo até ao rio…

Setadas na penumbra liberdade,

De um beijo amaldiçoado…

Na triste saudade,

 

Que sítio é este, meu amor desgovernado, triste e cansado…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 05/08/2018