quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Nos desejos de uma calçada



Os desejos da morte quando acordava
A visibilidade da madrugada,
Os silêncios da sorte, os medos da alvorada
Nos espelhos cansados da manhã sonhada,
E ele chorava,
E ele não sabia
Que um dia,
Cessavam as lágrimas sobre a calçada.


Francisco Luís Fontinha
15/12/16

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Um dia



Um dia vou regressar
Aos teus braços,
Minha terra prometida!
Um dia vou cortar estes laços
Que me aprisionam à maré esquecida…
Sem tocar no mar,
Sem tocar nos teus lábios entre abraços
E multidões em fúria,
Um dia,
Um dia vou regressar
Para nunca mais voltar,
Sentir a lamúria
Dos espelhos prateados,
Um dia,
Um dia vou libertar todos os corpos cansados…
Aos teus braços)
Nos teus abraços)
E não vou chorar,
E não vou brincar…
No teu triste olhar.


Francisco Luís Fontinha
14/12/16

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

De nada ter



E se o tempo cessasse de crescer
Como cessam os sonhos em mim
O poço da escuridão quase a morrer
Num qualquer jardim
E se o tempo começasse a chorar
Como choram as minhas palavras
Quando não me apetece escrever
Certamente o poço da escuridão
Não cessava de sofrer…
As roldanas do coração
Empenadas e gastas de caminhar
Sobre a água de chover…
E se o tempo cessasse de crescer
Como cessaram as acácias de viver
O tempo é uma jangada à deriva nas pedras do ser
Um relógio cansado de bater
Horas
Minutos
Segundos…
De nada ter.


Francisco Luís Fontinha
13/12/16