sábado, 9 de julho de 2016

o silêncio da morte


peço-te desesperadamente que me esperes junto ao canastro

que a vida deixe de fazer sentido

e pertença aos teus lábios de menina

linda

envenenada pela madrugada

peço-te meu amor

que me tragas as sonâmbulas sombras das palavras

e dos poemas…

o silêncio

a morte do silêncio

o silêncio da morte

quando a morte é a própria morte

peço-te

desesperadamente

meu amor

me que leves para os teus braços

peço-te

desesperadamente

meu amor

que me tragas as âncoras da dor

e do sofrimento

no silêncio

no desesperadamente


meu amor

esperando junto ao canastro

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 9 de Julho de 2016

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Labirinto de sombras


Embrulho-me nos teus braços

Sem perceber a chuva do teu olhar,

Lamento este meu corpo de cansaços

Que acordar em cada madrugar,

O silêncio,

O infinito silêncio dos teus lábios

A cada momento meu,

Ausente,

Como as nuvens do Céu…

Embrulho-me na tua boca de amêndoa infinita no prazer

Quando lá fora sinto os soluços do mar…

Esquecer,

E amar…

Este labirinto de sombras

Que dormem em mim como árvores eufóricas…

Embrulho-me no teu coração,

Como um pássaro embriagado

Nos corredores da solidão.

 

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 7 de Julho de 2016

terça-feira, 5 de julho de 2016

os meninos da escuridão


os dias anónimos

nas falésias do sofrimento

o mar sangrando nas lágrimas do só

quando o corpo se despede

e a alma voa em direcção ao abismo

a escuridão dos dias camuflados pelo silêncio

a sinfonia da paixão

nas mãos desordenadas de uma criança

que brinca em mim

até ao pôr-do-sol…

depois regressa a tempestade

traz nos lábios os beijos da saudade

 

(que só um sem-abrigo sabe fingir…

e desenhar

antes de partir)

 

tenho na solidão um amigo

uma amante desmedida

nas finas películas do destino

tenho no corpo um esqueleto vadio

sem nome

pobre

agreste como as palmeiras da minha terra…

e quando eu menino

e quando eu zarpava sem rumo

sem precisar de bussola ou astrolábio

e apenas me contentava

com os finos cabelos do amanhecer…

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 5 de Julho de 2016

domingo, 3 de julho de 2016

junto ao Tejo


deixei de ouvir a tua voz

e os sussurros da madrugada

sento-me na tua ausência programada

enquanto o dia tem o seu término nas tuas mãos de fada

nos rochedos

as vírgulas da inocência

entre cigarros e medos

deixei de ouvir o teu olhar

nas paredes deste velho quarto sem janela para o mar

deixei de pertencer à vida

e às montanhas do silêncio

e aos abrigos da escuridão

este insignificante relógio de pulso

entre pulos e soluços

entre pedras

e terra fértil onde brincas em todos os finais de tarde

deixei de ouvir a tua voz…

junto ao Tejo.

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 3 de Julho de 2016