Fontinha/Outubro-2015
sábado, 10 de outubro de 2015
Os desenhos do amor
Os
vampiros da noite
Ente
os aplausos e o derradeiro Adeus,
Do
silêncio teu corpo
A
alvorada impressa na sombra do teu olhar,
Do
silêncio teus lábios
A
madrugada a mendigar…
Nos
vampiros,
Da
noite,
A
gaivota apaixonada voando sobre os desenhos do amor,
As
palavras embriagadas
Dormindo
nas esplanadas sem dono
Perdidas
na cidade,
E
eu aqui,
Sentado,
À
tua espera…
Os
vampiros da noite
Descendo
as escadas da paixão,
Descendo
até à profundidade da solidão,
Trazes-me
um livro,
Pegas
na minha mão,
Não
falas,
Não
sorris porque a escuridão engole-te…
E
mais uma vez desapareces,
Transformas-te
em poeira…
Cinza,
Sanzala
inabitada,
Sem
meninos… sem nada.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
10 de Outubro de 2015
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Querer-te
Querer-te
não te quero
Querendo,
assim, querer-te sem saber se te quero,
Querer…
dormir nos teus braços,
Não
querendo,
Querer…
Sonhar
nas tuas mãos,
Querer-te
não te quero
Querendo
Querer-te,
Assim…
triste como a noite,
Desejando
querer-te
Querer…
beijar os teus lábios querendo,
Sem
tempo,
Sem
crença…
De
querer-te,
Querer-te
não te quero
Querendo,
fingir que te amo não te amando,
Querendo,
Não
o quero…
Querer-te
Querer-te
brincando,
Neste
submerso cansaço da paixão,
O
querer e não o querer,
O
amar e não o ser amado,
Querendo,
Querer…
Querer-te
amando,
Amar,
Sem
saber que o amor é querendo,
Sem
saber que o amor é querer-te,
Hoje,
Ontem
não, ontem não querendo,
Querer-te
beijando,
O
querer,
O
não o querer,
Sem
sono,
Sem
o saber,
Que
querer…
É
querer sem o saber,
E
o quero-te…
É
uma carta por ler.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira,
9 de Outubro de 2015
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
As lágrimas da solidão
Invento
as lágrimas da solidão
Sobre
o papel amarrotado da paixão,
O
significado da morte esvaece-se no corpo de um sonâmbulo,
O
mar que desenhei no teu olhar…
Não
existe mais,
Nem
o mar,
Não
existe mais,
Nem
o teu olhar,
Invento
as lágrimas da solidão
Antes
do regresso da noite vestida de canção,
Perdeu-se
nas palavras adversas, perdeu-se nas planícies submersas…
Dos
jardins suspensos da madrugada,
Visivelmente
cansado…
Inventar
objectos estranhos como as lágrimas da solidão
Em
combustão,
Sobre
o papel amarrotado da paixão,
Visivelmente
cansado,
Sem
destino,
Sem
uma mão,
Caneta…
Para
escrever no coração da tristeza…
Este
menino,
Visivelmente
cansado,
Sem
destino…
Dorme
docemente na sombra do abismo.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira,
8 de Outubro de 2015
O sono do desejo
Estes
cacos incendiados nas escarpas do silêncio,
O
teu corpo permitindo-me adormecer,
Sobre
ele,
Uma
rocha cor de cinza,
Faz
fumo,
Incendeia-te
como se fosses pedacinhos de papel…
Voando
sobre a noite,
Na
janela um cortinado negro com lábios de luar,
Entra
o rio nos ombros flácidos das palavras embriagadas na sombra da morte,
A
voz alimenta-nos,
Beija-nos,
Abraça-nos
como se fossemos duas pedras em queda livre,
O
abismo que habita o teu olhar,
O
marinheiro sentado numa esplanada de esperma…
Sentas-te,
Foges-me,
Como
a água,
Os
barcos…
E
todas as flores do Adeus.
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Montanha do silêncio
Não,
Não
venhas falar-me de amor,
Da
paixão embriagada,
Entre
noites,
E
enxadas de geada,
Não,
não meu amor…
Não,
Não
venhas falar-me do mar quando fui eu que matei o mar em criança,
Não,
não meu amor,
Não
venhas falar-me desta cidade inacabada,
Só,
Sem
pessoas ou madrugada…
Não,
Não
pareço uma estátua,
Não,
Não
sou um esqueleto de rosas perdidas num qualquer jardim,
E,
e, no entanto, sinto-me envergonhado quando a noite se veste de despedida,
Os
relógios pintam-se de vermelho,
O
sangue do amor,
Dos
automóveis em cio…
Ruelas,
e o vício…
O
vazio,
A
escuridão dos seios entranhados na montanha do silêncio,
E
os poemas,
Não,
Não
venhas falar-me de amor,
Porque
o amor…
O
amor é uma enxada de geada.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
6 de Outubro de 2015
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