Não
sei
Meu
amor
Porque
poisam em mim as estória de luz
Às
vezes amo-te
Não
desconheço se tu
És
Um
livro, um poema, uma imagem ou um triciclo em madeira
Poderias
ser o regressar ao ponto de partida
Luanda
Mil
novecentos e sessenta e seis
Número
três
Vila
Alice
Os
berros e os espirros dos automóveis pôr-do-sol
A
naftalina do olhar
Na
gaveta do sexo
Imagino
o teu corpo
Meu
amor
Um
odor de palavras
Inseminadas
por uma caneta de tinta permanente
Permanente
Eu
Aqui
Nesta
Vida
de “merda”
Nunca
Meu
amor
Quis
Nunca
meu amor
Quis
ser poeta
Sei
que não o sou
Nem
serei
E
nem quero
A
paixão da alma
Na
fala desenhada
Pela
mão do murmúrio
A
aldeia em chamas
E
os transeuntes
Entre
estradas de gelo
E
bermas de cansaço
Não
Meu
amor
Não
existem noites coloridas
Em
sapatos em verniz
Bicudos
As
calças embrulhadas nos tornozelos
E
os ossos embalsamados
Alimentava-me
dos teus lábios
Meu
amor
Perdi
Tudo
A
imagem da tridimensional alegria
Hoje
Sou
Um
Gajo
Triste
E
tímido
Como
as andorinhas da tua casa
Os
torrões de açúcar dos melancólicos teus seios
Sou
Um
Gajo
Triste
E
tímido
Hoje
As
equações dormindo debaixo da cama
(o
gajo está apaixonado)
Os
palermas acreditando que
Amanhã
Um
Gajo
Tímido
Tão
cinzento
Como
a própria noite
Sem
vaidade
Número
de polícia
Ou
Ou
cidade
As
máquinas assassinam
O
dormitório do prazer
A
cama
Meu
amor
Desfeita
Em
aventuras de algodão
E
Não
Não
pertenço aos teus símbolos de sombra
Deixei
de ter janelas
E
portas
A
minha casa
Sem
Telhado
Sem
Meu
amor
Não
Não
esta triste cidade
Sem
shots de tristeza
Ou
Sexo
Barato
Sabes
Meu
amor?
A
inveja é uma chávena de café-com-leite
E
torradas
A
neblina invade
Os
Teus
olhos
A
neblina invade os teus olhos
Entre
cartas e telegramas
Mãe?
Sim
Meu
amor
Fui
Assaltado
Stop
Envia
Dinheiro
Ok
Beijo
Não
meu amor
Não
sei a cor dos teus olhos
Nem
da tua pele
Não
Não
meu amor
Amanhã
é sábado
E
não sei se te amo…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
11 de Abril de 2015