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sábado, 3 de setembro de 2022

Rio Douro

 

Por este rio doirado,

Entre rochedos e socalcos de perder o olhar,

Entre sombras e vinhedos,

Por este rio amado,

Afugentando enxadas e medos

No silêncio madrugar,

 

Por este rio cansado,

Onde o horizonte se esquece de acordar

E os homens labutam até à morte,

Por este rio apaixonado,

Onde crianças sem sorte

Foram condenadas a trabalhar,

 

Por este rio doirado,

Que a alma não esquece…

E o corpo sente o cansaço,

Por este rio embriagado

Pelo sol aquece

E dorme num pequeno abraço.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 03/09/2022

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Viver como um pássaro e voar como um barco cambaleando sobre as ondas sonoras dos poemas de AL Berto

foto de: A&M ART and Photos

Acredito que o Sol voltará a brilhar nas íngremes encostas mergulhadas nos seios mendigos do rio mais belo do Universo, acredito que a chuva das vindimas transformar-se-á em pequenos balões de hélio sobrevoando as lâmpadas do silêncio como xistos em revolta, acredito que todas as grades em aço que cercam as prisões brevemente acordarão vestidas de botão de rosa, de muitas cores, e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada
Liberdade?
Liberdade...
Viver como um pássaro e voar como um barco cambaleando sobre as ondas sonoras dos poemas de AL Berto, do cimo da montanha e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada, ele revestido a prata, ele sorrindo, poisando o desejo sobre a mão dela,
Acredito que as nuvens vão ser de algodão, leves, leves como os círios da Igreja onde me esperas quando eu morrer, e sem lágrimas, e sem demandas... acreditarás que eu vou voar e que mais tarde... mais tarde nos encontraremos junto a uma mangueira, e sobre nós sombras de cacimbo e o latejo dos mabecos felizes por
Acreditares,
No futuro, na liberdade, nas grades em aço que transformar-se-ão em rosas, rosas, rosas com lábios encarnados,
Perfumadas pois então,
Nós
Felizes
E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos
Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam
Os outros,
Liberdade, acredito que as flores vão ser de papel, e que dos meus livros, e que dos meus livros acordarão todas as personagens que vivem em mim, estas há mais de vinte anos, e no entanto, não tão ferozes como as outras,
Tudo servia para comer,
O quê?
Tudo, tudo... e até as pedras acreditavam no medo...
O medo?
Em capa dura, do amarelo sobressai o peso de um corpo em ziguezague, sonolento, o título é em oiro futuro, e ele
Embrulhado em plumas de cetim
Acreditava que “O medo” não tinha medo,
Acredito que com a trovoada vêm as sílabas palavras com pele sedosa, e das caricias de uma gaivota, ele
Acredita,
Acredita que o mar é de todos, que o Sol iá nascer para todos
(enquanto hoje, apenas alguns dementes têm o prazer de o ver)
Nunca vi o Sol, não sei como é o Sol...
Mas acredito que existe, que vive, sorri...
(Perfumadas pois então,
Nós
Felizes
E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos
Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam
Os outros),
Não sabem que a chuva das vindimas é uma mulher nua abraçada a cachos de uva, em seu redor, um louco grita,
Acreditar,
E eu, que apaixonei-me pela chuva...
Acredito.

(Não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O vinho do amor

De um cubo de vidro
habita o desejo vinícola dos teus seios amargurados
suspensos no abismo do sumo tentacular do silêncio
o teu corpo no meu corpo
um só cacho de sabor
que alimenta o vinho do amor

há abelhas que se masturbam sobre as tuas mãos
brincam
um rio e uma criança
e um homem com um chapéu de xisto sentado nas tuas coxas
poisa a enxada invisível sobre a mesa do jantar
enquanto inventas pasteis de nata e queijo de cabra
o homem entra nas tuas coxas com pálpebras de milho
e as torradas do pequeno-almoço
fingem um orgasmo de aveia
brincam
ele e ela e milímetros cúbicos de mosto dentro do cubo de vidro

gosto de ti recheada com as manhãs de chuva
quando as algibeiras das janelas de vidro
mergulham suavemente nos teus lábios

gosto de ti recheada de rosas amarelas e nuvens de prata
a uma só voz
sobressai
sobressai um gemido misto
e nas paredes do cubo de vidro
e nas paredes do cubo de vidro
a tua língua como uma caneta de tinta permanente
percorre o meu corpo de pergaminho

(poema não revisto)