Verde são estes olhos de
dormir
Enquanto há palavras na
fogueira,
Verde são os poemas de
amar,
São as lágrimas de
chorar;
Verde são as noites sem
dormir,
São as noites junto à
ribeira…
Verde são as ondas do mar
Que brincam na lareira.
Verde é a solidão
Sob o tórrido silêncio de
escrever,
Verde é a palavra
envenenada
Que tento adormecer na
alvorada.
Verde sentido só possível
neste coração…
Verde as nuvens do
entardecer,
Que escondem socalcos enxada,
Como se o universo fosse
morrer,
Como se o universo fosse
verde aldeia.
Verde cansaço madrugar,
Que escondo no Ujo luar,
Verde que sofre, verde das
almas roubadas,
Verde alegre das lágrimas
semeadas.
Verde são os olhos de
chorar,
Verde são os versos das
janelas arrombadas
Na casa verde, na casa
poema de sonhar.
Alijó, 20/06/2022
Francisco Luís Fontinha