Borboletas
no meu velório,
Apenas
borboletas,
Ninguém,
Ninguém
à minha espera,
Comigo,
morreram as palavras,
Todos
os livros, machos e fêmeas,
Segunda-feira
ou Terça-feira?
O
xisto amarfanhado pelo silêncio da poesia,
As
frases afundaram-se nas tuas mãos,
Como
gaivotas em cio.
O
poço,
O
cheiro nauseabundo dos velhos livros,
Abraçados
a mim,
Tenho
um corpo de merda,
E
uma rua dentro de mim, sem nome, sem casa, sem nada…
Dormir,
Não
durmo,
Comer…
Não
como nada.
Peço
aos amigos, a todos, paciência,
Nada
mais do que isso,
Nem
flores,
Odeio
flores e odeio o teu sorriso,
Odeio
o mar e o todos os rios…
São
recheados de falsidade,
Como
tu, pobre pomba poisada no meu ombro,
Dormir,
Não
durmo,
Comer…
Quase
nada.
Borboletas
em papel,
Sombras
em pastel,
Telas
esbranquiçadas com lábios de suor…
É
esta a minha vida,
Embrulhado
em palavras,
Dormindo,
Não
dormindo,
Dentro
das sílabas assassinadas.
Despeço-me,
e do cimo do monte…
Enterro
o teu nome,
Escrevo
na terra…
Amo-te,
não te amo, amo-te… só quando nascer a noite.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
02/04/2019