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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

A quinta força

 Descubro a quinta força do Universo

E escondo-a nos teus lábios de mel.

Ainda não sei o seu nome

Como se comporta em relação às outras quatro forças

(a força gravitacional, a força electromagnética, a força nuclear forte e a força nuclear fraca)

Mas se fosse eu a apelidá-la

Apelidava-a de DESEJO.

 

E do caos esconderijo dos meus braços e das minhas mãos

Acorda o silêncio

Desperta a alvorada em mim,

Libertam-se as gaivotas do meu jardim,

E batem-me à porta as árvores dos teus olhos de mar,

 

Como são lindas as janelas do teu olhar

Quando a quinta força do Universo te beija a face

E lentamente escreve ao teu ouvido…

As primeiras leis da madrugada,

 

Descubro a quinta força do Universo

E escondo-a nos teus lábios de mel.

Ainda não sei o seu nome

Ainda não sei nada…

Mas se fosse eu a apelidá-la…

Apelidava-a de DESEJO.

 

 

 

11/08/2023

sábado, 22 de julho de 2023

Cidade de enganos

 Procuro-te nesta cidade de enganos

Procuro-te a cada noite que acorda

A cada noite que dorme

Procuro-te no sorriso das estrelas

Ou nas lágrimas do luar

Procuro-te no infinito

Se ele existe

Que acredito

Não desistir de te procurar

 

Procuro-te nesta cidade de enganos

De tormentos

Procuro-te na primeira luz da manhã

Procuro-te nesta cidade de enganos

E pergunto a esta cidade de enganos

Porquê procurar-te

Se cada vez que te procuro

Uma estrela silencia-se no Universo

 

Procuro-te nesta cidade de enganos

De invisíveis lágrimas

E negros panos

Procuro-te sabendo que no teu olhar habita um pedaço de insónia

Que esconde um poema

Um lindo poema;

Onde te posso procurar

 

Dentro desta cidade de enganos.

 

 

22/07/2023

domingo, 9 de julho de 2023

A cor do mar

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o Universo, que eu não me importava,

Desde que ficasses eternamente nos meus braços

E me segredasses todas as palavras de te amar…

 

Podia extinguir-se o tempo,

Meu amor,

Não tínhamos horários de amar,

De comer,

Não sabíamos se era segunda-feira,

Quinta-feira…

Ou outra coisa qualquer,

 

E nunca, meu amor, nunca saberíamos…

Se era de dia,

Se era de noite,

Não tínhamos estrelas para desejar…

Mas também para que eu queria as estrelas…

Pedir desejos…

Quando o maior desejo dormia nos meus braços,

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o Universo que eu não me importava…

Olha, meu amor,

Importo-me mais com a inflação…

E todas as outras coisas…

Do que com o Universo,

 

Podia extinguir-se o Universo,

Meu amor,

Podia extinguir-se o universo que eu não me importava,

Desde que me deixasses pintar os teus olhos de cor do mar…

E os teus lábios de doce mel…

Depois…

Depois abraçava-te,

Ensinava-te a desenhar círculos de luz com olhos verdes…

E com um silenciado beijo…

Escondia o Luar na tua mão.

 

 

 

09/07/2023

Francisco

domingo, 18 de junho de 2023

Carta aos pássaros

 

Meus queridos,

 

Podia Deus extinguir agora mesmo o Universo, porque eu, porque eu não me levantava desta pedra cinzenta,

Onde me sento,

E penso.

O que me interessa a mim o Universo…

Quero lá eu saber do Universo…

O que me interessa a mim do meu vizinho, vizinha, ou do filho de ambos, ou se há crianças com fome…

Deus que cuide deles, se ele quiser.

Levantei-me cedo, fui até ao campo colocar as armadilhas perfumadas, talvez ainda hoje consiga apanhar algumas pétalas de qualquer coisa…, ou apenas, ou apenas pedaços de lenha, e agora, e agora engano o tempo com algumas lâminas de silêncio que por aqui brincam.

Podia ser pior, meus queridos.

Podia ser pior…

Mais logo, mais logo não farei nada, como amanhã, como depois de amanhã, fazer o quê, meus queridos?

A não ser, pensar.

Mas pensar em quê?

Se o pensamento é apenas um momento repetitivo…

Não.

Mais logo, mais logo não farei nada, como amanhã, como depois de amanhã, fazer o quê, meus queridos?

Nem pensar?

Nem pensar, meus queridos.

Nem pensar…

 

 

 

Francisco

18/06/2023

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Desejo-azul

 Neste pedaço de vidro

Desenho o silêncio do meu rosto,

Escrevo as lágrimas do meu antigo rosto…

Neste pedaço de vidro,

Olho-o, olho-o incessantemente…

Até que este pedaço de vidro,

Despede-se de mim

E ausenta-se no centro do círculo da insónia.

 

Neste pedaço de vidro

Poiso as cores do meu sorriso,

Semeio o meu silenciado olhar…

Que desparece…

Neste pedaço de vidro.

 

Neste pedacinho de vidro

Escrevo os poemas à minha amada,

Desenho a chuva,

Da chuva que cobre o corpo da minha amada…

De desejo-azul…

A este pedaço de vidro

Vêm as estrelas de todo o Universo…

E um punhado de electrões,

Brincam neste pedaço de vidro.

 

 

 

 

Alijó, 22/05/2023

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O nada de tudo ou nada

Não podemos ser tudo

Quando somos o nada menos o tudo,

Não podemos ser isto,

Não podemos ser aquilo

E aqueloutro,

Só porque queremos ser,

Isto e aqueloutro…

Quando queremos ser tudo…

Às vezes,

Muitas vezes

Somos o nada menos o tudo,

 

E o nada seremos sempre,

Sempre que lutamos por ser o tudo

Acabando por sermos o nada,

Não podemos ser pássaro

Se não tivermos asas para voar…

E podem dizer-me que um pássaro

Sem asas

É um pássaro,

Mas não é um pássaro qualquer… e não é a mesma coisa…

Um pássaro sem asas… é o nada,

 

Um pássaro que não canta,

É um pássaro,

E sem asas e sem cantar…

Continuará a ser um pássaro,

Mas…

Para que quero eu um pássaro,

Que não canta,

Que não voa…

Que apenas me serve de adorno

Sobre a mesinha-de-cabeceira

Onde guardo o isqueiro os cigarros e a pistola?

 

O nada,

Sempre que o tudo…

Não é o tudo,

É quase como o Universo…

Tão infinito tão belo tão escuro tão… tão nada,

De que me serve a beleza do Universo?

De que me serve se o Universo é finito,

Não finito…

Ou assim-assim…

Ou o nada…

De que me serve saber que toda a matéria do Universo se encontrava concentrada no espaço do tamanho da cabeça de um alfinete,

Vê lá tu… meu amigo, do tamanho da cabeça de um alfinete,

Depois…

Dizem que explodiu…

Expandiu-se…

E hoje…

O nada,

De que me serve saber de nublosas, buracos negros…

Buracos negros em vómitos,

Velocidade da luz,

Que fiquei com raiva de Einstein quando percebi que…

Vê tu, meu amigo,

Que teoricamente é possível viajar no tempo…

Odeio este gajo só por isto,

E por anda,

Imagina meu amigo, imagina viajarmos no tempo…

E encontrar aquela gaja horrível,

Aquele gajo…

Qualquer coisa,

De nada, obrigado…

Estes e outros fantasmas da noite,

E anda por aí, e anda por ali…

Anda por cá e vai cavalgando montes e vales,

Pedras e montanhas,

Noites de lua cheia…

E o nada,

O zero absoluto…

Zero graus celsius,

O quase tudo,

Ou o quase nada,

 

De que servem as palavras,

Os poemas…

E a madrugada?

Quando o sono,

Quando o sono apenas estorva…

Não deixa viver,

Não deixa respirar…

De quase tudo,

Ou de quase nada,

O que adianta passares a noite em discussão…

Se Deus,

Se Deus existe, existiu…

Ou nem por isso?

Se Deus criou alguma coisa…

Tu,

Tu vais morrer, existindo ou não existindo Deus,

Universo…

Ou buracos negros,

Ou o raio que os parta,

E nunca te esqueças, meu grande amigo,

Nunca te esqueças que setenta por cento do peso do teu corpo…

É água,

E o resto…

Merda,

E o quase nada,

Depois,

Temos a luz vestida de noite,

Lindíssima como as estrelas,

Lindíssima como sempre,

A sempre bela noite,

Bela e puta…

Também ela,

Tal como eu,

Um pedacinho de nada,

Uma molécula de desejo… nos olhos da alvorada,

Dentro de um recipiente…

A poeira do teu corpo,

 

Não,

Não podemos ser tudo,

Quando nasceste para ser o nada,

Quando nasceste travestido de equação matemática,

Complexa…

Ordinária equação complexa do terceiro grau ou do quarto grau…

Uma complexa equação diferencial,

De uma mão, da outra mão,

Acordam,

O nada,

E o tudo…

Ou o quase tudo,

E quase nada,

 

Sim meu amigo,

De que te servem as canções da alegre Primavera,

Quando a tua Primavera…

É quase nada,

Do nem quase tudo,

De entre o tudo e o nada,

 

Depois,

Depois dizem que estás louco,

Internam-te em psiquiatria…

E que sim,

Ao nascer do dia,

Coitado do rapaz…

Coitado dele,

E às vezes, nem tudo é o tudo,

Nem o nada é o tudo,

De nada,

Nem o nada…

Nem o tudo,

Não me digas que às vezes o nada é o tudo?

Ou quase tudo?

Quando não preciso de nada,

Não meu amigo,

Eu, eu sinceramente já não te digo nada,

Nada,

Que nem tudo é tudo,

E que nem tudo é o nada…

Quando tu,

Quando eu,

Meu grande amigo,

Somos o nada,

 

E o nada é um conjunto vazio,

Tem jarras com flores,

Tem poemas de amor e sedução,

Olha…

Tem um rio,

E tem o mar,

O mar de ninguém,

No mar de nada,

Quando o quase tudo,

Nasceu, cresceu, morreu…

Sendo o quase nada…

E do quase nada,

Vês apenas o sorriso do clitóris

Quando se ergue na tua mão… a doce madrugada…

Que de tudo,

Não tem nada.

 

 

 

 

Alijó, 01/05/2023

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Luz

 

Não me importo

Não me importava que o Universo se extinguisse

Não me importo

Não me importava que o Sol deixasse de sorrir

Ou sonhar

Não me importo

Não me importava

Que tudo isto deixasse de existir…

Desde que ficasses nos meus braços

Enquanto a noite não se extinguisse

Não me importava

Nem me importo…

Desde que os teus lábios de mel

Poisassem nos meus lábios

E os teus olhos sejam a luz dos meus dias.

 

 

Francisco

10/04/2023

domingo, 9 de abril de 2023

Mar da Tranquilidade

 Podia beijar o Universo

Podia beijar todas as estrelas do Universo

E todas as flores do Universo

No entanto

Não trocava os teus lábios de mel

Quando a madrugada se deita na Primavera

Não trocava os teus lábios em desejo mar

Por todos os beijos do universo

 

E no entanto

Podia beijar o Universo

Todas as estrelas do Universo

E Deus

Deus que numa noite em desejo…

Criou todo o Universo

Para eu beijar

 

Podia beijar o Universo

Podia beijar todos os mares do Universo

E todas as árvores do Universo

E todos os peixes do Universo

E todos

Todos os pássaros do Universo

No entanto

Não trocava beijar os teus seios

Janela da maternidade

Mar da Tranquilidade

Nas noites em luar

Por tudo aquilo que o Universo me dá

 

Podia beijar o Universo

E todas as equações do Universo

Podia beijar o sol e a lua

Podia beijar o silêncio

E a paixão

Podia beijar o Universo

Todas as estrelas do Universo

E todos os buracos negros do Universo

Podia beijar tudo isso

Podia

No entanto

Prefiro beijar cada milímetro do teu corpo

Cada centímetro quadrado da tua pele em perfeito delírio

Podia

Mas sabes

Meu amor

Quero lá saber do Universo…

E dos beijos do Universo

Quando tu

Tu és o meu Universo.

 

 

 

 

Alijó, 09/04/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Universo

 Podia extinguir-se o Universo…

Podia,

Podia morrer o sol

E todas as estrelas,

Morrer o dia,

Podia,

 

Tudo podia acontecer,

Porque eu,

Não me erguia desta cadeira em frente ao mar,

 

Podia chover,

Podia nevar,

Podiam levar-me este mar…

 

Que eu continuava sentado nesta cadeira,

Nesta cadeira em frente ao mar,

 

(Podia extinguir-se o Universo…

Podia,

Podia morrer o sol

E todas as estrelas,

Morrer o dia,

Podia)

 

E o que eu fazia se tudo isso acontecesse?

 

Nada.

Absolutamente nada.

 

 

 

Alijó, 22/02/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 8 de janeiro de 2023

Bom dia

 Bom dia,

Quando o homem morre

Enquanto o homem morre debaixo de um seixo,

 

E eu poderia ter sido tudo

E escolhi não ser nada,

 

À parte disso

Uma estúpida chuva de sono

Desce pelo meu corpo

E sinto em mim as nuvens de sangue da madrugada,

 

Bom dia,

Bom dia para esta manhã lindíssima

Das pedras e dos silêncios

Da morte

E de todos aqueles que morrem

E que descobrem a felicidade,

 

Bom dia,

Bom dia aos esqueletos de insónia

E aos grandes filhos da puta desta triste vida,

 

Bom dia,

Bom dia à chuva

Bom dia à poesia e à literatura

Bom dia aos poemas de merda que escrevo

E que vou continuar a escrever,

 

Bom dia,

Bom dia ao Universo…

 

Um bem-haja a todas as coisas mortas!

 

 

 

 

 

Alijó, 8/01/2023

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

O bosão de Higgs

 Todo o Universo

Frio

Muito frio e escuro,

 

Deste meu Universo

Que me perco nas avenidas que o luar incendeia

Que me esconde

Quando quero chorar

E me penteia,

 

E tenho vergonha,

 

E tenho medo,

 

E só me apetecia voar…

 

Neste Universo

O Universo que ninguém compreende

Nem entende

Porque esta matéria escura

Fria

Muito fria

E infinita como o infinito amanhecer das tuas mãos

Lhe chamam de Universo

Quando a podiam chamar de solidão,

 

Ou de caixão

Ou de livro de anedotas

Este Universo

Com verso

Sem verso

Com a mão

Cortando-lhe a mão

Enquanto a Terra andas às voltas

Às voltas com o bosão…

Com o bosão de Higgs.

 

 

 

 

Alijó, 05/01/2023

Francisco Luís Fontinha