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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Purpurinas

 Escondes no olhar

As purpurinas palavras de escrever

Do silêncio da manhã sem poesia

Escondes na mão o mar

Que não se cansa de viver

Viver a cada dia,

 

Escondes no olhar

A alegria que acorda no amanhecer

Enquanto no teu cabelo de vento

Um pedaço de luar

Está desesperado e com medo de morrer…

Quando a morte é apenas um verbo sem tempo

 

E sem tempo de acontecer,

Escondes no olhar

A tristeza que avassala a sanzala com lábios de amar

Escondes no olhar o medo de viver

Junto ao rio que pincela o luar

Junto ao rio de amar…

Com o medo de tudo perder.

 

 

27/09/2023

sábado, 8 de abril de 2023

Pobre menino

 Podia ser ontem

Enquanto as tuas mãos inchavam no sorriso da ausência

Das pobres janelas

E das portas

De todos os montes e vales

De todas as pedras

Em todas as árvores

Quando nem todos os pássaros

E podia ser ontem

Enquanto as tuas mãos mergulhavam nos lábios da geada

Entre vinhedos

Dos tristes milagres de Deus.

 

Acorrentado a este rio

De doirado silêncio

Quando descem sobre mim as nuvens tempestuosas

Que transportam o sangue derramado das tuas veias

Quando ainda ontem

As tuas mãos mergulhavam nas estrelas da noite

Embriaguez dos distantes carrosséis entre linhas

Dispersas sobre o mar.

 

Podia ser ontem

Mas ontem era dia de descanso

O derradeiro repouso

Quando pegas no último vinho

E o bebes

Veneno

Passaporte para o lunar destino.

 

E pobre

Este pobre menino

De poeta enforcado

A trapezista aposentado

Tão pobre

Tão…

Amado?

Quando ainda ontem

As tuas mãos eram límpidas como a Primavera

Como os gladíolos

Como as palavras quando se soltam dos lábios

Ressequidos

Mergulhados no ontem

Quando se fosse ontem…

Hoje

Tão pobre

De destino

Este pobre menino.

 

Podia ser ontem

E a ausência continuava na gabardine da insónia

Podia

E se fosse ontem

Uma chuva de lágrimas deixava sobre ti o silêncio

Quando ontem seria pouco

E de pouco em pouco

Aos teus lábios regressam as sanzalas

E os mabecos que ainda ontem

Brincavam junto a mim

Quando ainda ontem…

Desenhávamos canções no vento…

E corações na areia fina do Mussulo.

 

Podia ser ontem.

Não o foi porque dizem que a sexta-feira é dia de azar

Que todas as sextas-feiras um cadáver de sono

Acorda junto ao jardim

E ainda ontem andava por aí…

Em pequenas brincadeiras

Entre pequenos soluços

Quando ainda ontem

Das suas mãos

Recebia as palavras semeadas durante a noite.

 

E que seja hoje

E que seja amanhã

Porque não sendo ontem

Também não importa

Se foi ontem

Se poderá ser hoje

Ou qualquer dia

Mas se tivesse sido ontem…

Certamente levaria nas mãos toda a minha poesia.

 

 

 

Francisco

08/04/2023

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Doces lábios de mel

Desejo-te e abraço-me aos teus doces lábios de mel, no teu peito, procuro a manhã que o silêncio da noite deixou ficar nas amarras do destino, foges-me durante o sono, em pequenos pesadelos que as estrelas beijam, nesta pobre cidade, com o rio nas suas mãos, onde circula livremente a paixão.

Escrevo,

Cartas sem destinatário na ânsia que dos teus doces lábios de mel acordem as palavras envenenadas, nas palavras em desejo, quando o mar te abraça e ao meu ouvido regressa o sussurro ciciar dos gemidos em luar.

Um grito, dentro de mim.

Olho-te e confundo-te com a lua; há nesta pirâmide em desejo as primeiras lágrimas da madrugada, lágrimas que aos poucos se vestem de sol, e a alegria grita no meu destino.

Desejo-te e abraço-me,

Canções que me cantavas e eu trocava o sono por pensamentos, canções de menino, quando uma criança poisa nas abelhas em flor, e tudo isto, numa simples carta, sem destino, remetente, cidade ou País,

Tanto faz,

Um dia voarei na lâminas cinzentas das sanzalas sombreadas pelo fogo do desejo, gemes, oiço-te na penumbra noite dos musseques há muito assassinados por um papagaio em papel, amarras entre ossos e pedaços de silêncio, quando a carta que escrevo, sem destinatário, sem remetente, se abre ao acordar da noite.

A noite deixou de me pertencer.

A noite pertence às lágrimas de uma criança; tão triste, quando nos olhos de uma criança brincam lágrimas em papel flor.

Tão triste, quando no rosto de uma criança habitam lágrimas de fome, quando na peste das palavras, de quase todas as palavras, uma criança tem no rosto as tristes manhãs de Inverno.

As viagens intermináveis do espelho sonolento que a paixão constrói nos olhos do mar, e dos teus doces lábios de mel, sinto o frio areal que os teus cabelos semeiam, semeiam em mim o desejo de voar,

Neste fogo de suspiros que se encostam aos umbrais da ferrugem tarde, vejo o meu barco em cartolina, em pequenos círculos de sono, quando a noite nos leva, sobem até às nuvens coloridas de um coração,

Um pequeno crepúsculo, que se esconde nos teus olhos.

E os teus doces lábios de mel deixaram de pertencer à noite; agora, são os meus doces lábios de mel.

Trago na mão o sol, trago na mão a espada com que vou cortar a tristeza e a solidão, até que um dia, um dia…

Dos teus doces lábios de mel,

Uma criança,

Desenhe na terra o sorriso da lua.

Pensava eu, enquanto dormia abraçado aos teus doces lábios de mel.

 

 

 

Alijó, 24/01/2024

Francisco Luís Fontinha

(ficção)

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Esta folha em branco

 Escrevo-te nesta folha em branco,

Triste, frágil e só,

Nesta folha de onde oiço as tuas lágrimas,

Desta folha onde crescem as palavras…

Escrevo-te, enquanto o sol sorri

 

E a lua não cessa de chorar.

Escrevo-te nesta pobre folha em papel cansado,

Nesta folha lapidada pelo silêncio da madrugada,

Escrevo-te, sabendo que no teu peito de menina

Dormem as flores das noites de insónia,

 

E brincam todas as pedras cinzentas da alvorada.

Escrevo-te, enquanto as sanzalas da minha infância

Ardem nas mãos de um louco,

Enquanto as sanzalas da minha infância são apenas

A saudade de um menino suspenso nos calcões de uma tarde de chuva.

 

Escrevo, nesta frágil folha,

Escrevo-te sabendo que jamais irás ler estas rasuradas palavras

Que deixei morrer junto ao mar;

E junto ao mar

Acredito que ressuscitarás,

 

Como um qualquer Jesus Cristo.

Escrevo-te, hoje, porque apenas tinha esta pobre folha

Que andava esquecida na minha algibeira,

Nesta pobre algibeira

Onde dormem os cigarros que me irão matar.

 

 

 

Alijó, 1/11/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 3 de julho de 2022

A velha sanzala

 

A sanzala, aos poucos, adormeceu na tua mão. O cheiro da voz térrea depois das chuvas, ainda hoje, habita dentro de nós.

Tínhamos no quintal um velho triciclo com assento em madeira que apenas o meu amigo Chapelhudo, quando acordava das noites loucas de Luanda, levava a passear junto à marginal.

As gaivotas suicidavam-se contra os sonhos cansados das tardes de Domingo e, entre Cucas e sombras, o Chapelhudo inventava estórias de adormecer, que apenas as flores do quintal sabiam ouvir e, me transmitiam antes que a alvorada partisse para o Mussulo.

Tínhamos gaivotas em papel; alguma, ainda hoje, brincam na minha mão, como brincam as tuas palavras e o cheiro do teu sorriso.

A sanzala, aos poucos, voava em direcção ao mar, e eu com um velhíssimo cordel, lançava papagaios em papel como anos mais tarde, lancei sonhos para o poço da saudade. O Chapelhudo gostava de passear pelas invisíveis sombras da sanzala como hoje, o menino dos calções faz todas as manhãs antes de adormecer.

Tínhamos medo do mar. o Chapelhudo tinha medo do mar. O velhinho triciclo também ele, tinha medo do mar; e hoje, todos nós amamos o mar, desejamos o mar, brincamos com o mar.

A sanzala, aos poucos, adormeceu na tua mão. O cheiro da voz térrea depois das chuvas, ainda hoje, habita dentro de nós, como habitam as chapas zincadas da Primavera, onde todos os pássaros se enforcam nas ardósias manhãs da infância. Tínhamos as mangueiras que pertenciam ao avô Domingos, depois de um recheado dia a passear machimbombos nas ruas de Luanda. Depois, regressava o silêncio, regressava a morte que hoje, que ontem, nos transportou para o improvável poema que o poeta enforcado deixou esquecido na algibeira; tão pequenino, o meu filho. Tão pequenino!

Mãe, onde fica o mar?

Pai, falta muito?

Luisinho, não tenhas medo do mar…

Sim, mãe!

Sim.

Prometo.

E aos poucos a sanzala, adormeceu na tua mão… como adormecem todos os nomes e cheiros de Luanda.

 

 

Alijó, 3/07/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A sanzala dos beijos

 

Via-te dançar

Na sanzala dos beijos,

Via-te brincar

Na sombra dos desejos,

Via-te abraçar

As palmeiras distantes da baía,

Via.

Via-te encostada à planície da solidão,

Depois da tarde se recolher,

Via-te a correr,

Quando apressadamente te encostavas ao corrimão

Da escada de acesso ao mar.

Via-te caminhar

Sob a ténue escuridão,

Via-te escrever e,

Pegares na minha mão.

Via-te perdida

Na cidade.

Via-te quando te escondias na idade

Depois da partida.

Via-te na esplanada da fotografia,

Via.

Via-te nos lábios a saudade

Do frio que ontem fazia,

Via.

Via-te em mim depois do acordar

Sabendo que dançavas na sanzala dos beijos;

Via-te sentar,

Via.

Via-te desejar

Todas as sílabas entre parêntesis e ensejos,

Via-te sabendo que ver-te me causa saudade,

Via-te na areia fina de uma página aberta,

Via-te quando olhavas sem vaidade

A rua deserta.

Via-te saltitando as pedras da calçada,

Via-te quando me batias à porta do silêncio matinal,

Com a paixão de um livro agasalhado,

Via-te embrulhada ao jornal,

O mesmo, de sempre, que eu tinha comprado.

Via-te sem saber que te via,

Na sanzala dos beijos.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó 16/02/2021

sábado, 29 de agosto de 2020

O sorriso dos peixes

 

Quando era pequenino

Sonhava com o sorriso dos peixes.

Desenhava palavras de menino

Na mão tracejada pela escuridão dos pássaros,

E, um dia, das palavras de menino,

Ao amanhecer,

Vi os teus olhos semeados na areia;

Sabia que um dia, qualquer dia,

Sem perceber que tinha em mim, aos poucos, um jardim de papel,

Alicerçado à minha triste veia,

Acordaria o teu sorriso.

Demorou anos, eternidades,

Passei por tempestades,

Oceanos recheados de medo,

E, esse dia, um dia, talvez aquele dia…

Regressou à minha mão,

E, fiquei com os teus lábios de amêndoa.

Quando era pequenino

Sonhava com o sorriso dos peixes,

Alimentava-me de sombras,

Triciclos em madeira,

Menino traquina,

Trapezista em construção,

E, procurava, na sanzala da saudade,

Os olhos do teu coração;

Amanhã, depois de amanhã, o dia, a noite,

E todos os pássaros,

Dormirão na tua boca.

Poço infinito dos beijos prometidos,

Canções, palavras… sonhos perdidos,

Que só a manhã sabe construir.

Hoje, sou o dia,

Hoje, sou aquele menino,

Que na tua mão,

Escreve a palavra Amo-te;

Eis o sorriso dos peixes.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha, 29/08/2020

sexta-feira, 22 de maio de 2020

A sanzala do adeus

Os poemas da morte,
Palavras tristes no nevoeiro da manhã,
Cancelas à sorte,
Abertas, campestres sentimentos de partir,
Regressar sem regresso,
Fugir,
Cansaço premeditado que apenas os livros vivem,
Palavras,
Ditados,
Nos poisos sonolentos das montanhas.
As flores negras que a tarde come,
Que alimenta o silêncio da sombra,
Tem nos olhos uma lágrima de vidro,
Quando se levanta sobre o capim,
A sanzala do adeus.
Uma finíssima porta de luz,
Uma janela pincelada pelo desejo,
Um nome escrito na sombra,
Que incendeia a noite.
A melancolia,
Com fome de matar,
Uma enxada carregada sobre os ombros,
A terra, húmida vaidade,
Nas flores dos rochedos cinzentos.
Vive na sanzala do adeus,
O menino dos calções invisíveis,
Livros, papel cansado de sonhar,
Nos lábios de uma laranja.
Salto, grito, deito-me na água do rio,
Morro e, levo comigo a mensagem,
Trazem-me a toalha da poesia,
Porque neste caminhar,
Não caminho,
Apenas durmo,
Ou sonho que dormia.



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 22-05-2020

domingo, 1 de dezembro de 2019

O labirinto do sono


Habito neste labirinto de lata.

Desta pobre sanzala abandonada.

Habito neste corpo de ossos,

Alicerçado às muralhas dessa pobre calçada.

Habito neste corpo de chapa,

Cansado da tristeza.

Vejo-me no espelho da beleza…

E apenas observo sombras, linhas rectas envergonhadas.

Habito neste poeirento cansaço,

Nas tardes infinitas,

Que os meus lábios vomitam…

Palavras malvadas.

Palavras bonitas.

Habito no teu cabelo desgovernado pela doença,

Entre gemidos e demência,

Habito na tua boca engasgada na madrugada,

Quando o silêncio não é nada,

Quando a vergonha,

Envenenada,

Dorme na tua mão calcinada.

Habito, meu amor, neste palácio assombrado,

Dentro de livros com personagens moribundas,

Entre xisto e calçado,

Nas montanhas fundas.

Habito.

Habito nos duzentos e seis ossos Outono,

Quando as árvores se despem, e o teu corpo, longe do mar,

Enaltece a maré de chorar.

Habito sem parar,

Neste labirinto do sono.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

01/12/2019

domingo, 24 de novembro de 2019

A sanzala de prata


Vivia na sanzala de prata,

O menino dos calções doirados,

Tinha medo da claridade,

E dos livros ensanguentados;

Tinha no quintal uma sombra de lata,

Que na companhia dos pássaros da cidade,

Dormia docemente sem idade…

E sonhava com o mapa.

Queria fugir.

Desenhar na terra encharcada

O mar.

O medo de partir.

O medo de regressar…

À casa abandonada.

Vivia na sanzala de prata,

O menino do triciclo em madeira.

Brinca na sombra da mangueira,

Como um guerreiro vestido de chapa.

São palavras de brincar,

São rosas de sonhar,

São canções de embalar…

Embalar o menino da sanzala de prata.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

24/11/2019

domingo, 24 de março de 2019

Fim da vida


O ponto final da vida.

A morte prometida,

Sobre uma mesa empobrecida,

Quando os livros revoltados,

Descem a avenida,

Como soldados.

 

Pum. Fim da vida.

 

O silêncio.

Amo o silêncio dos pássaros, poisados nos teus lábios,

Doirados,

Doces,

Dos eternos namorados.

 

Grandes sábios.

 

Descem, sobem,

Sobem e descem,

 

Avenidas, ruas e ruelas,

Coitados,

Dos pássaros enamorados,

 

Entre lágrimas e velas.

 

Morre o poema na minha mão,

Sinto-lhe o esqueleto de dor, junto à noite,

Morrem todas as palavras do poema que morre na minha mão…

E coitadas…

Das janelas empoeiradas,

Velhinhas,

E, cansadas,

Como sexos apaixonados,

Nas sanzalas de prata,

A chuva miudinha,

Dos marinheiros em flor,

O cansaço, a desgraça do cio da madrugada,

Do meu primeiro amor.

 

Como eu quero escrever no teu corpo de sombra,

Na rua, uma montra,

Um par de calças esperando-me…

Sem saber que no final do dia,

Eu sentia,

A fórmula mágica das árvores apaixonadas,

As areias,

Os insectos envenenados pela fúria,

Não o sei, meu amor,

Nunca soube, meu amor,

Que o amor é uma merda,

Uma canção de revolta,

À volta,

Da fogueira.

 

Pum. fim da vida.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

24/03/2019

domingo, 11 de junho de 2017

O delírio fantasma da paixão


O delírio fantasma que a paixão oferece nas noites de melancolia,

Vivo nesta cabana encerrada e sem alegria,

Entre livros e papelada,

Entre copos e corpos sofridos na madrugada,

Tenho nas veias o teu nome,

E na algibeira as réstias da fome…

Do mendigo ancorado às esplanadas de lata,

O Domingo termina na sanzala…

No capim brincam as minhas mãos de fada…

Que um papagaio de papel inventou na alvorada,

Sinto neste meu corpo desajustado da realidade

O vício sintético da falsidade…

O orvalho clandestino,

O sorriso do menino…

Na praia do Mussulo,

Só e abandonado,

Só e amedrontado,

Só nos rochedos pincelados de palavras mortas

Pela caneta do poeta,

Fracassado,

Pateta…

O delírio fantasma

Dos arraiais da felicidade,

Foguetes, e pó de enxofre na claridade nocturna do sentimento,

Sofro, sofro e guardo no sorriso a tua despedida…

Sangrando as avenidas

Desta cidade perdida,

Um diário disperso, um livro desassossegado,

O vazio buraco negro do desgraçado…

Mendigo da multidão,

Haja alegria e pão na eira,

Que no corpo da feiticeira

Argamassam os lábios da solidão,

Não durmo, meu amor, deixei de dormir, meu amor…

E passo a horas a desenhar,

No teu corpo, meu amor,

O delírio fantasma da paixão.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 11 de Junho de 2017

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Madrugada entre parêntesis


Não sabias que a noite dormia no teu colo,

Sorrias pincelados lugares

Enquanto as estrelas desapareciam da tua boca,

A madrugada suspensa na tua mão,

A luz do teu olhar…

Silenciando-se,

O teu coração irá cessar de caminhar junto ao mar,

Os pássaros poisarão nos teus ombros,

Acordará o dia

E a madrugada entre parêntesis…

Extingue-se como se extinguiram todas as sanzalas da tua vida,

E todos os abraços da tua noite.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 8 de Junho de 2015