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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Como se fosse um pedaço de aço ou um vulcão em desejo


Perdi as minhas mãos
na seara do medo
e proibiram-me de acariciar os teus lábios de centeio
quando o teu corpo se veste de bola de luz
e perde-se na infinita noite,

Ouvi dizer que apareces dentro de um cubo de vidro
à janela da lua
e o teu corpo mergulhado nas palavras
anoitece no meu peito como se fosse um pedaço de aço
ou um vulcão em desejo,

Sinto-o dentro da porta da escuridão
os seios metamorfoseados nas esquinas tristes da cidade
há árvores nos teus olhos cansadas de viajar
e procuram incessantemente as nuvens de mar
que deus constrói nos alicerces das tuas coxas em delírio,

Perdi as minhas mãos
e deixei de sonhar depois de partires para a infinita madrugada
onde te escondes distraidamente no espelho das lágrimas voláteis
da mesa onde poisam os livros embrulhados em poeira
mesuradamente do pavimento da insónia,

Ouvi dizer
que as minhas mãos
(perdi as minhas mãos)
voam sobre a cidade cinzenta na ceara do medo
nos lábios mordidos pelas sílabas do poema em dentes de fúria adormecida,

Sinto-os dentro da minha boca
os teus lábios sibilados
em voos nocturnos dentro dos lençóis do medo
a voz cansada do sexo entra nas fendas do gesso embainhado pela solidão das horas
e lá fora chovem círculos de luz com finíssimos sons em gemidos deslocados no tempo,

Perdi as minhas mãos
(e sou tão feliz por te amar das palavras)
à janela da lua
a viagem sem destino
que um homem sem mãos escreve nos socalcos de xisto...

(poema não revisto)