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sábado, 3 de dezembro de 2022

Espada de sombra

 Esta espada apontada ao peito

Este peito refém de um cigarro

Está triste

E cansado

Que terei eu no meu peito?

 

Um coração envenenando

Ou

Um coração em papel

Onde escrevo

E desenho as primeiras lágrimas da amanhã,

 

E esta espada

Qual a Nacionalidade desta espada?

 

Uma espada apontada ao peito

E o meu peito

Ofegante

Em silêncio,

 

E no silêncio

O meu peito refém de uma espada

Morre

Lentamente

No sorriso da alvorada,

 

Uma espada

No peito

Este coração

Em papel

Em cartão,

 

No peito uma espada

Uma espada de sombra

Como o teu nome

Quando brinca

Quando brinca na sanzala da saudade,

 

Tenho uma espadada apontada ao peito

Uma espada sem nada

Uma espada

Uma espada triste e cansada,

 

Uma espada em liberdade.

 

 

 

 

 

Alijó, 03/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Maré de sémen

 Deste meu pequeno cubículo de sono

Enquanto o meu relógio adormece

Nos lábios das manhãs em desespero

Na algibeira procuro os cacilheiros

Que se abraçavam ao meu peito

 

Frio e escuro

Quando a âncora da saudade

Se despedia de mim

E voava como voavam as gaivotas

Na terra de ninguém

 

Poisava as mãos nas pobres águas

Onde habitavam as flores e as árvores e todos os pássaros

E sabia que lá longe

Uma ponte metálica me transportava

Para os teus braços

 

Enquanto das lágrimas do silêncio

Um fio de espuma

Levitava no teu cabelo amargurado

E eu sabia que quando regressasse a noite

A maré de sémen em pequenos gracejos

 

Se escondia na sombra da madrugada

Quando vento das palavras

Adivinhava sempre

Quando aquele cacilheiro

Vinha ao meu peito

 

 

 

 

Alijó, 27/10/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os uivos rangidos da geada


Pela pequeníssima fissura do meu peito
entra sorrateiramente o sol
e os pássaros da madrugada,

oiço-lhes os uivos rangidos da geada
caindo a noite sobre os cobertores da insónia
deixo de sonhar
e começo a ver desenfreadamente os soluços das palavras
em constante borbulhar de solidão
que os beijos constroem sobre as nuvens do mar,

descem dos teus doces lábios de desejo
as cancelas da dor embrulhadas em papel de incenso
e mirra
oiro
na mão vazia de um barco clandestino
moribundo
e oiro
às vezes quando do cansaço acordam os gritos dos homens embalsamados,

os meninos
deles
coitados
à janela do ciume.

(poema não revisto)