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sábado, 8 de julho de 2023

A luz

 

Suicido-me nos braços deste poema

Cravo-o no peito,

Suicido-me com este poema inacabado,

Neste poema sem destino

Marcado,

Quando as primeiras lágrimas de sono

Descem sobre o teu peito,

 

Suicido-me nos teus lábios

Doce madrugada florida,

Pertinho do mar…

 

Suicido-me nos teus olhos

Depois de eu cerrar os meus…

E escrever na tábua da paixão,

Desejo-te,

 

Suicido-me nas tuas mãos,

Enquanto afagas o meu cabelo,

Suicido-me na tua boca,

Doce canção de Primavera,

Que me traz o prometido abraço,

 

Suicido-me no perfume da tua pele

Quando te banhas nos sais do silêncio

E a tua insónia…

É a minha insónia,

Suicido-me nos braços deste poema,

Sem nome,

Deste poema com fome

Um tiro nos miolos…

Com esta caneta que nunca pára de escrever…

O teu nome,

 

Suicido-me no pôr-do-sol

Junto ao mar,

Procurando abraços,

Vendendo almas ao Diabo…

Suicido-me na espuma dos teus dias,

Suicido-me dentro deste livro,

Que não me canso de escrever…

E que nunca terminarei de escrever,

 

Suicido-me na Lua,

Quando a Lua me quiser,

Se alguma vez a Lua me querer,

Suicido-me neste relógio parvo,

Ignorante,

Que pensa,

Que pensa,

Que pensa…

 

Suicido-me na chuva

Quando mergulha no teu cabelo…

E um silêncio de espuma,

Poisa nos teus seios,

 

Suicido-me por volta da meia-noite,

Dizem que fica a metade do preço,

Suicido-me nas palavras que escrevo

E nas palavras que não devo…

Escrever,

Palavras,

 

Suicido no teu sorriso,

Cânfora manhã sem destino…

Suicido-me dentro deste laminado de sonhos,

De sonhos…

Nenhum cumprido,

 

Suicido-me porquê,

Dentro deste poema,

Sem nome…

Sem sexo,

Sem idade…

Suicido-me nos teus seios,

Antes que uma manhã qualquer…

Tos roube,

 

Suicido-me nestas palavras parvas,

Que às vezes,

Sinto VERGONHA DE AS ESCREVER…

Suicido-me contra o silêncio,

Suicido-me contra as estrelas em papel,

E também…

Contra aqueles malditos papagaios em papel…

Colorido,

 

Suicido-me nos braços deste poema

Cravo-o no peito,

Suicido-me com este poema inacabado,

Neste poema sem destino

Marcado,

Quando a luz me vier buscar.

 

 

 

08/07/2023

Francisco

segunda-feira, 24 de julho de 2017

A fuga


Parto feliz.

Deixo tudo nas tuas mãos, os velhos papeis, os livros… e a minha sombra.

Para onde vou, nada disso necessito…, apenas preciso de paz.

A fuga, depois da alvorada… para além do rio,

Uma caravela com velas de sonho,

Um pedacinho de solidão…

E lá vou eu, eu, feliz…

Parto feliz.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Julho de 2017