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domingo, 5 de novembro de 2023

O medo

 O medo

Do amo-te loucamente

Sem sentido o começo da manhã

Sem juízo o perfeito destino do silêncio,

O medo

Do amo-te loucamente,

Escondendo na mão as palavras que te escrevo,

Nas palavras que semeio nos teus olhos.

 

O medo

Do amo-te loucamente

Quando este relógio me engana,

Quando este relógio se esquece de mim,

E de me acordar.

O medo

Do amo-te loucamente

Quando a manhã é uma flor,

 

E a noite,

Um pedacinho de luz nos teus lábios de beijar.

O medo,

Amo-te loucamente,

Do amo-te loucamente

Sem insígnias na lapela,

Sem estrelas no meu olhar…

Do teu doce amar.

 

 

05/11/2023

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Nos teus lábios

 Aos poucos, a mesa ficou vazia,

Aos poucos, a casa ficou vazia,

Tal como eu, só…

Aos poucos, davas-me a mão,

E aos poucos,

A mesa voltou à azafama de outros tempos,

E a casa,

Novamente em alegria.

 

Aos poucos, pensava que enlouquecia,

Aos poucos, acreditava que era impossível voltar a voar…

Aos poucos, com a tua mão,

Aos poucos me fui erguendo,

Aos poucos tropeçando…

E hoje és o meu poema e a minha canção…

Aos poucos vou desenhando sorrisos na manhã,

E escrevendo beijos nos teus lábios.

 

 

26/10/2023

domingo, 22 de outubro de 2023

Mar sonâmbulo

 Sonâmbulo mar

Quando o teu feitiço me abraça

Quando os teus braços me beijam.

Sonâmbulo mar

Nos lábios de uma barcaça

Das mãos que aleijam

Os teus lábios de amar.

 

Sonâmbulo mar

Quando o vento

Me traz o teu sorriso

Quando me sento na tua boca

E perco o juízo

E você fica louca

E você se esconde no meu pensamento.

 

 

22/10/2023

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Sábado

 Sábado

Meu amor

Sábado vou desenhar-te

Junto à ribeira,

Sábado vou escrever-te

Enquanto a lua está desgovernada,

Sábado

Meu amor

Sábado vou lançar ao rio

Esta fogueira,

Sábado

Meu amor

Vou desenhar os teus olhos

E esperar

Que acorde

A madrugada.

 

Sábado

Meu amor

Sábado vou pedir ao teu cabelo

Que me empreste o vento,

Meu amor

Sábado

Vou esconder-me no teu pensamento…

Meu amor

Sábado

Sábado vou amar-te

Como quem ama uma flor,

Sábado vou contemplar-te

Como quem contempla uma flor…

Sábado

Meu amor…

Sábado vou reler este poema

E pedir

Que sábado

Acordem nos teus lábios

O sabor da chuva

E o silêncio da manhã…

 

Sábado

Meu amor

Sábado vou desenhar-te

Junto à ribeira…

Sábado

Meu amor

Sábado vou escrever-te

E abraçar-me ao mar

Que não tendo sabedoria

Tem artimanha…

Tem estrelas coloridas,

Sábado

Meu amor

Sábado vou subir à montanha

E gritar

Que no próximo sábado

Meu amor

Eu seja uma pedra cinzenta…

Junto à ribeira

Onde vou desenhar-te…

 

 

13/10/2023

sábado, 7 de outubro de 2023

Cansaço

 

Desenhar-te,

Cansa.

Sonhar-te,

Cansa.

Desenhar-te nos meus braços,

Cansa.

Desejar-te,

Cansa.

Amar-te…

Cansa muito.

No entanto,

Desenho-te,

Sonho-te,

Desenho-te nos meus braços…

Desejo-te

E amo-te muito

Tanto o quanto te odeio….

 

 

07/10/2023

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Sonho desejar-te no sonho

 Sonho-te em constante amar-te desejo

Sonho-te inventando noites sem dormir

Sonho-te desejando-te desejar-te

Nos meus braços

Ao lado do meu livro de poemas,

 

Sonho-te em constante amor-beijo

Que brinca nos caniçais

Que brinca na tua sombra

De sonhar-te amar e amar desejando

Que também tu me sonhes,

 

Que também tu me desejes desejando

Que me sonhas

Que me desejas nos teus secretos sonhos

Sonho-te na vergonha do poema

Quando ele acredita que te sonha,

 

Que também ele te deseja tanto ou mais do que eu…

Sonhando-te

Desejando-te

Neste sonho em papel

Deste sonho mergulhado na ausência,

 

Sonho-te enquanto te sonho

Que te beijo

E desenho na tua boca

O silêncio nocturno dos pássaros sem nome…

Que te sonho tanto… que te sonho tanto e fico com fome.

 

 

27/09/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Despedida

 Despeço-me dos teus olhos

Sem saber se os voltarei a desenhar

Nos lábios da manhã,

Despeço-me dos teus lábios

Sem saber se os meus lábios,

Um dia.

Sem saber se os meus lábios um dia vão escrever nos teus lábios…

Amo-te.

 

 

26/09/2023

sábado, 2 de setembro de 2023

Acordar

 Podia esconder-me de ti

Podia vestir-me de noite…

E correr

E andar…

Por aí,

 

Podia ser o vento

Podia

Podia ser a tempestade

Disfarçada de vento

Claro que podia,

 

Podia esconder-me de ti

E em ti

E esconder-me dos teus lábios

E esconder-me…

Na tua boca

Podia,

 

Podia ser aquele silêncio que poisa na tua mão

Podia ser o poema

Podia

Podia ser a alegria

E as palavras do dia

Podia

Podia esconder-me em ti…

 

 

 

Alijó, 02/09/2023

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Mar nos teus olhos luar

 Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos desenhar

O sol na areia fina do mar,

Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos escrever

O silêncio da lua nas mãos do mar,

Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos brincar

Com as flores do meu jardim… nos lábios do mar.

 

 

14/08/2023

Francisco

sábado, 12 de agosto de 2023

O teu poema

 

Do teu poema

Flor que se esquece de acordar

Flor do teu poema

No teu poema de amar

 

Do teu poema de sonhar

Esta flor que cresce

E se ergue no teu olhar

Como uma fogueira branda e que aquece

 

As sílabas da madrugada

Do teu poema

Ouve-se a canção da ribeira brava

 

O teu poema que lanças contra mim

Quando no teu poema

Aos poucos acorda um jardim.

 

 

 

12/08/2023

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Sombra

 Esqueço

Os teus olhos de mar

E os teus lábios de mel

Esqueço-te e abraço o luar

E desenho o luar…

Neste pequeno papel,

 

Esqueço

O teu cabelo de vento,

Esqueço as tuas mãos de encanto… que também elas me esquecem

Esqueço-te sem saber se consigo esquecer-te

Sem saber…

O significado de esquecer.

 

Esqueço

Os teus olhos de mar

E os teus lábios de mel

Esqueço o teu rosto no meu silêncio

Quando a paixão se esquece

Que eu tenho que te esquecer.

 

11/08/2023

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Prisão de feras

 

Esta prisão de esferas

De esperas

De encontros

E desencontros

Esta prisão de feras

Acorrentadas ao gradeamento

Da solidão

Esta prisão

De meras

Nuvens de espuma,

 

Na bruma

Cidade que o Diabo abençoou

Desta pobre cidade

Sem cabeça para pensar

Sem pensar enquanto a cabeça

Anda

Gira à volta do sol,

 

O dó

O pequeno dó

Da dor

Em dor

Ele

Completamente

Doente

E ausente,

 

Doí-lhe o dente

Que já não sente

A paixão

Que era ardente

E ardeu

Na fogueira

Junto ao rio “um dia será”

E antes de adormecer

Toma drageias em forma de cigarros,

 

Dorme docemente

O menino

Nos braços de sua amada,

Dorme

Docemente dorme docemente

O clitóris do desejo

Quando de um beijo

O menino e sua ausente

Amada que sente,

A porta

Abre-se

A janela encerra-se para sempre

Um gaiato vende mortalhas e afins…

E o cacilheiro que eu tinha de apanhar

Engasgou-se

Cento e doze em acção

E morreu

Enfarte

Enfarte de coração,

 

Estaria apaixonado

Pergunto eu

Pois segundo o meu professor de TH

O coração é a bomba mais perfeita que existe…

… e não foi construída pelo homem,

 

Dá que pensar, professor.

 

Então

O que é a paixão?

Se o coração é uma bomba,

Será a paixão um fluido?

E o amor?

Uma válvula

Qualquer coisa como um pequeno vedante

Uma porca

Um parafuso

Um fio eléctrico

E o raio do homem sem fuso

E sei lá eu… o meu nome,

 

O eléctrico

Avança

Rio acima

Agacha-se quando passa debaixo da ponte

Olha-a

(que linda estrutura)

Como se contemplasse o último sorriso do paraíso

E sem juízo

É agora maquinista da CP,

 

Um apito

Acorda do teu peito

Uma voz rouca com uma placa de identificação na lapela…

Grita-me

Olho-a

E odeio-a

Depois

Sempre aquele maldito rio

Que umas vezes o apelido de paixão

E outras

Muitas outras

De ranhoso

Incrédulo às mãos de Deus

Criador do parafuso

E da porca

E da broca

Que fura

A porta

E da outra porta,

 

Perco-me nesta prisão de esferas

De esperas

De espermas

De encontros

E desencontros

Esta prisão de feras

Acorrentadas ao gradeamento

Da solidão

Esta prisão

De meras

Nuvens de espuma,

 

Umas

Com cor e coração

E outras

Sem cor

Com comichão

 

Ergue-se

O morto desta cidade de enganos

Deste paraíso invisível

Onde se escondem as segundas-feiras da semana anterior,

E uma equipa de engenheiros…

Projecta as terças-feiras das próximas semanas,

 

Partindo do principio

Eles

Que a Terra não deixa de rodar

Que pare repentinamente

Travões ABS

Caso contrário

Adeus terças-feiras das próximas semanas,

 

Esta prisão de esferas

De esperas

De encontros

Espermas

E desencontros

Esta prisão de feras

 

E se eu pudesse escolher…

(se me pedissem para eu escolher “algo em que eu me pudesse transformar”, certamente, sem dúvida, queria ser um electrão)

 

Sou então

Um electrão

Prisioneiro de esferas

De encontros

E desencontros

Esta prisão de feras

Eu

O electrão

Com velocidade de aproximadamente trezentos mil quilómetros por segundo

Contra a parede

Fodeu-se o poeta,

O artista,

E todo o resto da cidade dos enganos,

 

Deita-se,

Dorme,

Deixa de saber quem é.

 

À meia-noite

Levanta-se

Grita

De pé;

(esta prisão de feras

Acorrentadas ao gradeamento

Da solidão

Esta prisão

De meras

Nuvens de espuma).

 

 

 

07/08/2023

Francisco

domingo, 23 de julho de 2023

Marte



Suicido-me com o primeiro sorriso da manhã

Agarro-me ao vento

Abraço-me ao vento

E peço

E peço ao vento

 

Suicidar-me com o primeiro silêncio da manhã

Nas palavras que escrevo

E que lanço

Sobre o papel

 

Suicido-me com o primeiro abraço da manhã

Quando Deus desliga as estrelas

E lança sobre a Terra a alegria

De quem pensa

Que não pensa

Que a poesia

É vida

E que da vida

Suicido-me com o primeiro desejo da manhã

 

Suicido-me com o primeiro olhar da manhã

E que Marte me escuta

E me vai levar

Para as suas planícies

 

Suicido-me com o primeiro grito da manhã

Que na madrugada cresceu

E na minha mão

Depois de me suicidar com o vento…

Morreu

 

Suicido-me com o primeiro lençol de tristeza

Que no mar habita

Sem saber quando é dia

Sem saber quando é noite

Porque se suicidou ele com um beijo

E apenas sabe

E nunca se esquece

Que o poeta se suicidou…

Com a palavra; Amo-te.

 

 

 

 

23/07/2023

Francisco