Os dias são tardes
perdidas
Nas mandibulas tuas mãos,
Os dias, os dias são
margaridas,
Margaridas entre sins e
nãos,
Os dias, os dias pertencem
às noites esquecidas,
Das noites anteriormente
perdidas.
Os dias são poesia,
música, equação,
Os dias são horas adormecidas,
São palavras, são canção;
Os dias, os dias são
todas as coisas permitidas.
Os dias são madrugada,
São o corpo na lareira,
Os dias são a alvorada,
Alvorada que brinca na fogueira,
Os dias são a manhã
cansada,
Antes de acordar o dia;
os dias são tristeza,
São garrafas embalsamadas
na ribeira,
Os dias têm beleza,
E têm corpo de
feiticeira.
Os dias são migalhas
sobre a mesa,
São flores do meu jardim.
Os dias são tarde
perdidas,
São pequenas coisas de
mim,
Os dias são cores
garridas,
Quando acorda o clarim.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 21/12/2021