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domingo, 22 de outubro de 2023

Rosto de amar

 Quanto silêncio no teu olhar

Quanto sorriso nos teus lábios de mar

Quanto desejo no teu desejar

E no meu sonhar,

 

E no meu abraçar

Quantos beijos no teu falar

Na tua boca de beijar

Quantos sorrisos no teu rosto de amar,

 

E no meu rosto de chorar

Quanto silêncio no teu olhar

Quanto silêncio em teus olhos de mar

Que em mim não se cansa de voar.

 

 

22/10/2023

domingo, 23 de julho de 2023

Caravela

 A tarde morre nos teus olhos

Depois de uma sombra de luz

Roubar o pôr-do-sol

A tarde desaparece

Veste-se de noite

E leva para o mar

Os teus lábios de Caravela Quinhentista.

 

O homem está louco

Está maluco

Que a tarde nunca morre

Tão pouco se esconde

Nos teus olhos.

 

Que sim.

Que não.

Que talvez seja um empate técnico

Ou outra coisa qualquer

De preferência

Nos teus olhos.

 

A tarde morre nos teus olhos

Depois de uma sombra de luz

Roubar o pôr-do-sol

A tarde desaparece

Veste-se de noite

E leva para o mar

Os teus lábios de Caravela Quinhentista.

 

E nunca mais haverá tarde

Nos teus olhos!

 

 

 

23/07/2023

Francisco

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Dos teus olhos de mar

 

Aos teus olhos

Ofereço esta madrugada de engano,

Nos teus olhos

Caem as palavras de luz,

Nos teus olhos habita a Primavera sem destino,

Nas mãos do menino,

Dos teus olhos…

Nos olhos do mar.

 

Aos teus olhos

Lanço as estrelas

E as galáxias…

Dos teus olhos,

O silêncio mar,

Do mar que ama,

No mar que deseja…

Os teus olhos.

 

 

 

Luís

31/05/2023

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Mar dos teus olhos

 

Morre o mar

Nos teus olhos salgados

Morre o sono

Nos teus lábios pincelados de tristeza,

Morre a noite

Na tua mão

Morre a noite na tua mão

Meu amor,

Morre a noite anterior

E a noite que já penhoramos…

Morre no teu púbis

Toda a poesia que escrevo

Porque também ela

Meu amor

Morre como morre o mar

Nos teus olhos salgados,

 

Nos teus olhos de sonhar.

Morre o mar

Meu amor,

Morre o mar nos teus seios prateados…

Daquele mar

Teus olhos salgados

Que morrem

Como o mar,

Com o mar…

Dos dias sonhados,

 

Morre o mar

Meu amor,

Morre o mar nos teus olhos…

Morre a lua

Meu amor…

Morre a lua na tua boca,

Dos dias que não somos

Aos dias que parecemos,

 

Morre o mar

Nos teus olhos salgados

Morre o sono

Nos teus lábios pincelados de tristeza,

Morre o mar

Meu amor,

Meu amor…

 

 

 

 

Francisco

29/05/2023

sábado, 20 de maio de 2023

Um círculo de pássaros

 

(óleo s/tela)

 

Olho-te e vejo um círculo de pássaros.

Olho-te,

Olho-te e vejo o silêncio pincelado de azul.

Olho-te,

Olho-te e vejo o cinzento barco em direcção ao abismo…

Olho-te e oiço o perfume do mar.

 

Olho-te e abraçam-se a mim os cheiros da minha infância,

Quando da terra queimada,

Se erguia o Sol,

E olho-te, e olho-te sabendo que também tu me olhas,

Que também tu vês em mim as cores do silêncio.

 

E olho-te encantado da vida…

Porque sou o teu pai,

Porque te pintei durante a tarde…

Da tarde,

Os cheiros a terra queimada,

O capim dançando na tua mão…

E eu,

Olho-te,

Sabendo que tu também me olhas.

 

Olho-te e consigo ver nesta confusão de cores…

A luz dos teus olhos,

Consigo ouvir o silêncio dos teus olhos…

E olho-te.

Sabendo que me olhas,

Sabendo que em breve te despedirás de mim…

E ficarás para sempre no silêncio de uma parede,

Sem nome,

Sem janela para o mar.

 

E eu, e eu vou olhar-te para sempre,

Como olho para sempre os meus quadros,

Os mortos e os vivos.

E olho-te…

 

 

 

 

Alijó, 20/05/2023

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Meu amor dos teus olhos

 Deito-me nos teus olhos,

Teus doces olhos de mar,

Teus lábios de mel,

Nas mãos deste poema,

Deito-me, meu amor, nos teus olhos…

Quando nos teus olhos brincam as estrelas do silêncio,

Deito-me nos teus olhos,

Meu amor,

Enquanto dentro do mar

Perde-se o meu coração,

Deito-me nos teus olhos,

Meu amor,

Deito-me sabendo que o vento me leva…

Desta sanzala de desejo,

Deito-me, deito-me nos teus olhos,

Teus olhos de mar.

 

 

 

Alijó, 18/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 25 de março de 2023

Primavera

 São os teus olhos, meu amor,

As amêndoas da Primavera,

São os teus olhos, meu amor,

As lágrimas do mar,

 

São os teus olhos, meu amor,

As estrelas que a noite lança sobre o luar,

São os teus olhos, meu amor,

O Sol das manhãs de Inverno,

 

São os teus olhos, meu amor,

As palavras que semeio nas noites de insónia…

São os teus olhos, meu amor,

Meu amor dos teus olhos,

 

São os teus olhos, meu amor,

As flores do meu jardim,

Do meu jardim, meu amor,

Os teus olhos…

 

 

 

Alijó, 25/03/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 22 de janeiro de 2023

Olhos de mel

 Nos teus olhos,

Madrugada sem nome,

Quando me tocas

E sinto o rio da paixão que brinca no meu peito,

 

Quando me tocas

E poisas sobre mim,

As estrelas dos teus lábios,

E deixas ficar no meu corpo

A alvorada nas mãos de uma criança,

 

E nos teus olhos,

Quão luar das noites de insónia,

O primeiro beijo…

No beijo dos teus olhos de mel.

 

 

 

 

Alijó, 22/01/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 11 de dezembro de 2022

Poucos dias um dia

 



Perguntavas-me o que eu queria ser

Um dia.

Olhava-te

Olhava-te e fixava o meu olhar no céu

E nunca tive coragem de te responder;

E tivemos muitos dias

Só eu e tu

Só tu e eu

E mesmo quando te vi a voar

Sobre as nuvens envenenadas da tristeza

Eu

Eu não tive coragem de dizer-te

Apenas

Que não queria ser nada

Ninguém.

 

Mãe

Simplesmente não quero ser nada

Ninguém;

Percebes?

 

Podia ter sido muita coisa

Umas boas

Outras más

Poderia ter sido estilista

Carpinteiro

Pedreiro

Agricultor…

Não

Nunca gostei da agricultura

Poderia ter sido serralheiro

Motorista não

Não

Nunca gostei muito de automóveis

Camiões

Não saí aos meus avós e pai

Eu era mais barcos

Poderia ter sido tanta coisa…

 

E hoje escrevo

E enquanto escrevo

Sei que não sou nada

E enquanto pinto

Nada sei que serei.

 

Também nunca quis ser o que não podia ser

Tão pouco

Se queria ser

E no entanto

Aqui estou

Não sendo nada

Preferindo o nada ao tudo

E mesmo que seja muito

É pouco

É nada.

 

Aquando me olhavas

Eu

O comandante deste navio

Mentia-te;

E enquanto esperavas uma simples resposta minha

Eu

Fintava o olhar

E distraidamente

Respondia-te;

Está tão lindo o céu de Luanda mãe.

 

 

 

 

 

Alijó, 11/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Mar salgado

 

A paixão cresce

Na planície de cardos

Enamorados;

E desta cidade de árvores e telhados

Oiço a tua voz nocturna que me aquece.

 

É a voz que oiço ao deitar

No diário que escrevo,

E sei que não devo,

Erguer-me manhã cedo…

Apenas para desenhar os teus olhos de mar.

 

Mas faço-o com todo o prazer,

Olhar os teus olhos de mar salgado

Que este meu veleiro desgovernado,

Só e cansado,

Galga a maré; e tudo faz para te ver.

 

 

 

Alijó, 30/11/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 19 de novembro de 2022

As labaredas do sono

 Junto ao mar

Este cemitério de pássaros

Onde se escondem as palavras da manhã

Incendiada pela tua doce mão,

 

A cidade perde-me

E das ruas sem transeuntes

Oiço as labaredas do sono

Que todas as noites poisam em mim,

 

Há sempre uma janela que me olha

Há sempre um espelho que me desenha nos teus olhos

Mas das nossas bocas

O grito; o doce grito que a saudade ergueu sobre ti.

 

 

 

 

Alijó, 19/11/2022

Francisco

quarta-feira, 13 de abril de 2022

O silêncio das pedras

 

Permita-me,

Desenhar as palavras do silêncio

Que habitam nos seus olhos,

Abraçar a sombra da manhã

Que voa nos seus olhos,

Escrever na sua boca,

O luar que ilumina os seus olhos,

Quando as pedras em silêncio,

 

E se me permitir,

Desenhar nos seus olhos,

As lágrimas dos meus olhos.

Permita-me,

Amarrotar esta pobre folha

Onde escrevo o feitiço dos seus olhos,

Semear nos seus olhos

A triste noite antes de adormecer,

 

E perceber

Que os seus olhos são um rio em delírio…

São uma planície ensonada,

Que os seus olhos, teimam em não enxergar.

Permita-me,

Abraçar os seus olhos

Que brincam neste poema e,

E acordam as pedras em silêncio.

 

 

 

Alijó, 13/04/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 30 de março de 2019

Os teus olhos


Os teus olhos são as cataratas do Niágara,

O cansaço do povo,

Os teus olhos são a luminosidade da saudade,

O silêncio prometido,

Alto,

Esguio…

 

Das parais encantadas.

 

Os teus olhos são a Primavera,

A mudança da hora,

Deste velho relógio,

Que adormece no meu pulso,

 

Quebrado,

Triste,

Cansado.

 

Difuso.

 

Os teus olhos, meu amor,

São a tempestade nocturna,

A cidade em chamas,

 

E das aldeias perdidas,

 

Nos teus olhos, meu amor.

 

Os teus olhos são o sorriso da madrugada,

A velha jangada,

Poisado na mão do rio…

 

Quando regressa a tarde,

Chorando,

Sem querer…

Chorando.

 

Meu amor.

 

Os teus olhos.

Saudade,

Dos beijos,

Na claridade,

Dos teus olhos,

Quando logo, mais tarde,

Eu, pegar nos teus olhos…

 

E dormir,

Com a saudade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

30-03-2019

domingo, 24 de junho de 2018


Três dedos de conversa, uma chávena de chá, um livro poisado na tua mão, enquanto lá fora, muito distante de nós, uma cobra brinca na fina areia dos teus olhos.

Enquanto dormia, a flor do teu sorriso despede-se das pétalas envenenadas da noite, rosna o sorriso do lobo, rosna o silêncio da montanha, quando deitas a cabeça no meu colo…

São rosas, meu amor, são rosas os teus cabelos brancos.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24/06/2018


sábado, 22 de julho de 2017

O cansado iluminado


Regressa a noite e não quero abrir os olhos,

Prefiro adormecer junto à lareira apagada,

Porque acesa já ela está,

O cansado iluminado,

Sentado,

Lê…

Escreve em ti o que lê…

E não tem pressa de partir,

Porque a partida é tristeza…

Desenhada nas paredes do meu quarto,

Regressa a noite,

Regressa o vento…

E o iluminado,

Cansado,

Foge em direcção ao mar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 22 de Julho de 2017

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Os teus olhos

foto de: A&M ART and Photos

Os teus olhos no espelho que poisa no meu rosto,
do cansaço adormecido das palavras anónimas,
tu, meu amor, sussurras-me baixinho que serei eternamente tua,
acredito,
acredito que há no teu jardim rosas envergonhadas,
acredito,
acredito que os olhos que habitam no meu espelho,
um dia serão as minhas estrelas vadias,

Os teus olhos que dormem nos meus lençóis,
sós,
a aldeia escapa-se entre os dedos da tristeza...
e acredito...

Ofereço-te o meu corpo embrulhado em poemas de miséria,
eternamente tua, eternamente... ausente de ti,
regresso ao espelho e descubro os teus braços na sombra dos meus seios,
afago os teus cabelos enquanto a noite se veste de menina desajeitada,
de menina... de menina de uma outra cidade,
ofereço-te o meu corpo como se eu fosse a tua flor preferida,
a árvore sob a qual te deitavas quando se inventavam em ti os sargaços da manhã,
e partiam os barcos para o luar como pássaros em busca dos filhos em voos infinitos,

Os teus olhos que dormem e sonham nos meus lençóis,
tão distante, tu, homem sem local para aportares...
ofereci-te os meus abraços,
e tu,
e tu fingiste não ouvir,
disseste-me que o cais serve apenas para a partida,
e partiste,
sem regressar nunca,

Como as palavras,
depois de extinta a fogueira da paixão,
ouvia o silêncio dos teus livros...
e nada mais tenho a acrescentar a ti e de ti,

Os teus olhos que nunca me pertenceram,
os teus olhos que brincavam nas minhas coxas antes de eu levitar em direcção aos sonhos,
cerravas-os e partias como uma tempestade de areia...
a ti e de ti,
as conversas inacabadas,
as palavras não escritas, e não ditas,
os teus olhos, os teus malditos olhos que iluminavam um cubículo de papel...
e tinham tentáculos que conseguiam beijar o mar.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 21 de Maio de 2014