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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Mulher do mar

foto de: A&M ART and Photos

Cortas em fatias douradas a triste madrugada
corre em ti sonâmbula um rio nas linhas de aço do amanhecer
cortas as nuvens silvestres percebendo-se nelas as cansadas manhãs de solidão...
carnívoras palavras alimentam-se de ti
e em ti
comestíveis poemas sobre as velhas searas adormecidas,

Entranhas-te no meu peito fumegante em cinzas invisíveis dos cigarros vegetais
amar-te-ei como o mar que engole silêncios de velhos barcos enferrujados
inscritos em ti os últimos desejos da noite com sabor a ébano das montanhas de espuma
entranhas-te como a água salgada nas rochas da solidão...
e em ti
de ti... o sabor da tua língua procurando os milímetros quadrados dos meus braços,

Saborear-te ensanguentada de gemidos uivos e pequenas gotículas de suor
o odor embriagado dos teus seios que sobejaram das tempestades de areia
os vómitos das pequenas árvores abandonadas
sobre o oceano desencanto navegável...
não esqueço os desenhos em prata
que dos teus mamilos voam sobre a cidade do amor...

Desenhar-te como um rio vagabundo
indomável como eu correndo sobre as calçadas de granito sapateado...
sou como tu eu nu
invisível saborear-te em pedaços papel amarrotado com chocolate
desencanto desenhar-te não percorrendo com os meus dedos
o corpo teu que tu inventaste para mim...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó