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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Instante

 Cada instante

É uma estrela em movimento,

Nesse instante

Há um corpo que poisa sobre o silêncio,

Em cada silêncio,

Há um pequeno instante,

E um corpo que se ergue

Contra medo,

 

Em cada instante

Desperdiço o instante anterior,

Aquele em que o meu corpo

Poisava sobre o silêncio,

Mas agora que deixei de ter instantes,

E tenho movimento,

Posso dizer que sou uma velha estrela…

De cada instante.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 30/09/2022

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Equação em movimento

 

Nesta equação em movimento

Dentro deste espaço desorganizado

Nesta caixa multibanco

Saltitante

Desta rua sem nome,

Desta pedra o alimento

Das veias ao corpo crucificado

Correndo descalço na equação me sento

Às sílabas a palavra andante

Que o meu corpo ausente,

Não vê nem sente,

O pão da fome.

 

Nesta cidade vaidosa

Com ruas rendilhadas

Porque a equação em movimento,

Triste e nua,

Quando voa na sombra das esplanadas

Escreve na mão o mar

Depois de comer a lua,

Sem perceber que da mão oleosa,

As palavras da equação

São números letras sombras… poesia.

Dentro do coração

Vive o poeta equação

Que nem sequer sabia

Que a razão

Entre o seno

E o co-seno

Se chama tangente;

A tangente da paixão.

 

Que duas rosas plantei

Num qualquer caderno quadriculado,

Duas rosas amei,

Por duas rosas chorei;

O papel semeado.

 

Desta pedra o alimento

Das veias ao corpo crucificado

Correndo descalço na equação me sento,

 

Correndo descalço na equação sou enforcado.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 08/09/2021

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

equações de prata

foto de: A&M ART and Photos

prometidas equações de prata nos olhos da cidade agoniada
da boca os sinceros mergulhos de solidão
como simples quadrados traçados no térreo pavimento do desejo
há nela uma janela com vidros de sémen
que caminham
e vivem no Mosteiro da insónia
prometidas coisas
sem sentido sem sentido...
simples
simples anexos de chita
sobre o nu travesti que as coxas do silêncio absorvem antes de terminar o dia
e prometidas linhas de fino ouro que atravessam as ruelas dos sonhos
e infestam de palavras as mãos ensanguentadas das mulheres-sombra
alimentam-se de pedaços papel e singelas migalhas de areia da algibeira da agonia
sentíamos os velozes corpos transatlânticos vestidos de aço como líquido esquelético dos alicerces de vidro
e amávamos-nos quando nos embrulhávamos nas montanhas das gaivotas em cio
prometidas equações que o teu corpo seduz como a Professora quando do aluno fantasma
ossos e pregos e madeira ressequida saltitam no recreio da escola
há árvores sobre os diques do prazer quando ejaculam as searas os palhaços de trapos de cetim
e amávamos-nos sobre quatro rodas em movimento curvilíneo
um pêndulo e um cordel
e tudo o que nos restou da tempestade de zinco aos telhados engrenados no teu ventre
chovia enquanto desenhávamos sexo nas frestas do gesso
às paredes argamassadas das esquinas iluminadas pelo teu olhar de manteiga...



(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013