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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Lágrima de luz

 Sou traço na tua face

Sou o círculo

O quadrado

Sou geometria descritiva

Equação desmiolada

Cansada,

Sou a lágrima,

E não sou nada.

 

Sou o sorriso de luz na tua face

Sou o silêncio disfarçado de alegria

Sou o teu poema-mar

Sou a tua poesia

A cada dia

Sou a lágrima de luz,

 

Nos lábios do luar.

Sou traço na tua face

Sou o círculo de luz com olhos verdes

Sou o vento

Sou a melodia

Da vida em cada vida

Da minha pouco ou coisa alguma,

Sou a lágrima de luz,

Na luz do dia.

 

 

02/11/2023

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Janela

 Desta janela oiço a voz do silêncio em desespero,

Desta janela, converso, desta janela converso com esta lareira,

E percebo que o meu corpo flutua,

Navega nesse mar imenso,

Deste mar sem nome,

Invisível da minha janela,

 

Desta lareira, desta lareira observo a minha janela,

Olho-a sossegadamente,

Como se olha para uma criança que acaba de brincar,

De cabelo ao vento,

No cabelo em flor,

 

Desta janela oiço a voz

Do silêncio em desespero,

Desta janela vejo a manhã a erguer-se,

Vejo a noite quando se deita junto a mim…

E tenho a certeza que o meu corpo flutua…

E desaparece quando regressa o luar.

 

 

01/11/2023

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Lábios amar

 Ilumina-se o teu cabelo

Com a luminosidade desta alegre lareira,

Brilha, o teu cabelo, como o sol da manhã,

Ilumina-se o teu cabelo

Com esta lareira em ebulição,

E da luz do teu cabelo,

Vejo a rua da alegria,

Vejo o silêncio quando mergulha no mar,

Quando o silêncio ilumina os teus lábios.

 

Quando o teu loiro cabelo

Se transforma em poesia,

Se veste de luz,

Se veste de dia,

 

Ilumina-se o teu cabelo,

Com a luminosidade desta alegre lareira,

Brilha, o teu cabelo, como a insónia luar…

Como a insónia madrugada,

Abraçada,

A luz do teu cabelo,

Na luz dos teus lábios amar.

 

 

31/10/2023

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Oração

 Suplico-te senhora que ilumines o meu caminhar

E o de minha amada,

Que me alegres o dia

E a noite de sonhar…

E me tragadas a cada madrugada,

A mim e à minha amada,

Poesia para nos alimentar.

 

Suplico-te senhora que ilumines o meu caminhar,

Que com a luz do teu olhar

Me tragas os olhos do mar

E o sorriso do luar.

 

Suplico-te senhora que ilumines o meu olhar,

Que construas na minha mão

Uma jangada,

Suplico-te senhora do meu iluminar

Que me dês a mim e à minha amada

Todas as palavras do mar…

Para te oferecer esta oração…

 

 

24/10/2023

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Purpurinas

 Escondes no olhar

As purpurinas palavras de escrever

Do silêncio da manhã sem poesia

Escondes na mão o mar

Que não se cansa de viver

Viver a cada dia,

 

Escondes no olhar

A alegria que acorda no amanhecer

Enquanto no teu cabelo de vento

Um pedaço de luar

Está desesperado e com medo de morrer…

Quando a morte é apenas um verbo sem tempo

 

E sem tempo de acontecer,

Escondes no olhar

A tristeza que avassala a sanzala com lábios de amar

Escondes no olhar o medo de viver

Junto ao rio que pincela o luar

Junto ao rio de amar…

Com o medo de tudo perder.

 

 

27/09/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Flor de lótus

 Ofereço-te esta flor de lótus

Que acordou do poema

Ofereço-te um beijo

Que mergulhou no poema

E viaja em direcção ao mar

Ofereço-te a minha mão

Que pega no teu cabelo

Onde escondes a flor de lótus

Que eu te ofereci

 

Ofereço-te poesia

Ofereço-te palavras

E as tristezas do dia

E as tristes madrugadas

 

Ofereço-te esta flor de lótus

Como palavra ou confissão ou oração

Enquanto procuro nos teus lábios

Os segredos do luar

E as sombras da noite

Que te atormentam

E te ofereço

Esta flor de lótus

 

Ofereço-te esta flor de lótus

Que acordou do poema

Ofereço-te um beijo

Que mergulhou no poema

E viaja em direcção ao mar

Como se fosse uma lágrima

Não de uma lágrima de chorar…

Como se fosse uma lágrima de amar

Este porto transatlântico sem nome

E que transporto nos ombros.

Por tudo. Ofereço-te esta flor de lótus. E um punhado de fome.

 

 

26/09/2023

terça-feira, 19 de setembro de 2023

O guardião

 Sou guardião do teu olhar

Ó salgado mar!

Sou guardião do teu olhar

Sou pedaço de palavra que brinca com o luar

Sou estrela que não se cansa de brilhar…

Do teu doce olhar,

 

Sou guardião do teu olhar

Sou maré infinita

Manhã faminta

Sou árvore sonolenta

Que dança ao silêncio do vento

Que lamenta o invisível sorriso

Da sombra ferrugenta.

 

 

 

19/09/2023

domingo, 13 de agosto de 2023

Miserável

 

Aos olhos da lua,

Sou.

Sou qualquer coisa comestível

Que apenas a noite,

E só a noite,

Consegue mastigar.

Sou

Aos olhos da lua

Uma pequena lágrima de sono,

E abatato-me neste silêncio

E suicido-me nos teus lábios.

 

Aos olhos da lua

Sou.

Sou lágrima em flor,

Sou poeta,

Sou pastor.

Aos olhos da lua

Sou um miserável,

Poeta miserável,

Poeta…

O morto poeta

Quando as mãos da poesia,

Lentamente,

Masturbam a noite.

 

Aos olhos da lua,

Sou.

Sou.

Sou o quê, aos olhos da lua?

Se a lua não tem olhos

E eu,

E eu não sou nada.

 

Aos olhos da lua,

Sou.

Sou canção que se abraça ao rio,

Sou o poema que brota do mar,

Sou a fome,

O fastio,

Aos olhos da lua,

Sou.

Sou trombone na filarmónica,

Sou equação nas mãos dele,

Aos olhos da lua,

Sou.

Aos olhos da lua sou gaveta de armário,

Papel higiénico…

Aos olhos da lua,

Sou…

 

 

13/08/2023

Francisco

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

domingo, 16 de julho de 2023

Comboio para Nova Iorque

 O comboio para Nova Iorque acaba de partir da linha seis

Santa Apolónia em convulsão

Apeada de gente

Que geme

Que tem fome

Que ama

Não ama

Sem nome

 

O comboio para Nova Iorque apressadamente

Em corrida

Com um pequeno silêncio no peito

No centro de massa do coração

 

Santa Apolónia olha o Tejo

Mete os dedos na algibeira

Masturba-se

Enquanto o comboio para Nova Iorque

Descansa na Marateca

 

Uma gaja cantarola um pedacinho de luz

Faz-se ouvir na escuridão

De toalha na mão

Pensa que tem futuro como cançonetista

O comboio para Nova Iorque

Retoma o seu adorado destino

Enquanto um cacilheiro embriagado

Em círculos

Nunca chegará ao Seixal

Às mãos do adorado menino

 

O vento amua

O comboio apita

O cacilheiro

Morre

E Santa Apolónia

De olhos cerrados

De braços cruzados

A gaja que cantarolava

Deixou de o fazer

Agora passa as tardes no jardim

A vender cigarros de poesia

E poemas de framboesa

E charros de alecrim

 

O comboio para Nova Iorque

Esconde-se na neblina

Faz escala em Luanda

Depois passa pelo Mussulo

Que com sorte

E vento

Chegará a Nova Iorque pelas três da madrugada

 

São dezoito horas na rua Dr. César Ferreira

Quatro na Avenida Sá Carneiro

E zero horas na Senhora dos Prazeres

O vento é de 10 nós

E a temperatura da água

Cerca de vinte graus

 

Centigrados

 

O comboio apita

O cacilheiro geme

Grita

O comboio para Nova Iorque abre os braços

E começa a voar nos lábios do luar

Sobre o mar

Amém

Que o dia morre

Que a noite é uma prostituta com olhos de vergonha

Que o Tejo de tanto me esperar

Zarpou

E correu para o comboio para Nova Iorque

 

Onde está sentado à direita do pai.

 

 

 

16/07/2023

sábado, 8 de julho de 2023

Desenho sem sentido

 

Desenho um abraço

Em silêncio abraço

Nos olhos da Lua

Dos olhos do mar,

Escrevo um sorriso

Nos lábios do Sol,

Em silêncio sorriso…

O abraço desenhado,

Nos olhos da Lua…

 

Desenho o tempo

Em perfeito juízo

O abraço desejado

Do abraço prometido

Sentido…

Na fimbria madrugada,

 

Desenho o poema

Do sofrido poema

Nos olhos do mar

Em silenciado sorriso…

Deste poema amargurado

Triste…

Neste poema sem sentido

Quando da noite…

O silenciado abraço,

Morre…

Nas mãos do Luar.

 

 

 

08/07/2023

Francisco

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Olhar

 

Se você quiser

Posso ser o luar do seu olhar,

O silêncio dos seus lábios de mel,

Se você quiser

Posso ser a luz das suas noites de insónia,

Se você quiser

Posso ser o seu poema…

Se você quiser…

Posso ser tudo…

O que você não quer.

 

06/07/2023

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Para ti

 

Para ti

O primeiro beijo da manhã,

Para ti

O último luar da noite

Que se alicerça aos teus olhos de mar…

E aos teus lábios de mel,

Para ti

Um pedacinho da minha mingua luz…

A que me resta,

Para ti

O colorido desejo,

De desejar-te

E de amar-te…

Para ti…

Este desenho pigmentado de paixão…

Que espera…

Por ti.

 

 

 

05/07/2023

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Luz



São os teus lábios,

Meu amor,

Pedacinhos de silêncio

Na fímbria escuridão do mar,

 

São as lágrimas do crepúsculo

Quando poisam sobre a ti

As palavras do luar,

São os teus lábios,

Meu amor,

A solidão de amar,

 

São os teus lábios,

Meu amor,

Cansaços que a noite esconde

E lágrimas de desejo…

Que a lua lança contra as estrelas,

 

Na ânsia de um beijo.

São os teus lábios,

Meu amor…

O poema envergonhado…

Que finge ser a luz,

Dos teus olhos…

Meu amor!

 

 

 

03/0/7/2023

Luís

sábado, 1 de julho de 2023

Meu amigo

 

Quero lá eu saber do Universo,

Meu grande amigo…

A falta que tu me fazes,

Enquanto tu e eu…

Desenhávamos sorrisos de silêncio

Nas primeiras horas da madrugada…

E tu, tu tinhas razão…

Em todas as palavras que me ensinaste.

 

Agora, meu grande amigo, há quem apregoe que fiquei louco...

Como se a loucura se vendesse dentro de um cartuchinho

À dúzia ou à meia-dúzia…

À porta dos sombreados telhados de prata…

 

Das nossas conversas…

Mas falando do Universo,

Quero lá eu saber, meu grande amigo,

Do infinito Universo…

Quando tenho problemas mais complexos de que a extinção do Universo…

Pois então que se extinga, e já.

 

Vê tu, vê tu meu grande amigo,

Escrevo poemas falando da Lua

Desenhando o luar nas mãos de minha amada…

E sabes tão bem como eu…

Que a Lua não é nada…

É apenas poeira e rochas.

 

Vê tu, vê tu meu grande amigo,

Escrevo poemas dando nomes às estrelas…

Quando tu e eu, quando tu e eu sabemos tão bem…

Que as estrelas são apenas uma enormidade de plasma…

Com luz própria.

 

Escrevo poemas ao mar,

Meu grande amigo…

E sei que minha amada transporta o mar nos lábios…

E agora percebo-te tão bem…

Tão bem…, meu grande amigo…

Ambos sabemos que o mar é apenas água…

Água salgada…

E é tão azul…

Como o azul dos meus olhos.

 

 

 

01/07/2023

Francisco

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Desejo-azul

 Neste pedaço de vidro

Desenho o silêncio do meu rosto,

Escrevo as lágrimas do meu antigo rosto…

Neste pedaço de vidro,

Olho-o, olho-o incessantemente…

Até que este pedaço de vidro,

Despede-se de mim

E ausenta-se no centro do círculo da insónia.

 

Neste pedaço de vidro

Poiso as cores do meu sorriso,

Semeio o meu silenciado olhar…

Que desparece…

Neste pedaço de vidro.

 

Neste pedacinho de vidro

Escrevo os poemas à minha amada,

Desenho a chuva,

Da chuva que cobre o corpo da minha amada…

De desejo-azul…

A este pedaço de vidro

Vêm as estrelas de todo o Universo…

E um punhado de electrões,

Brincam neste pedaço de vidro.

 

 

 

 

Alijó, 22/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 20 de maio de 2023

Do meu silêncio… de amar

 Desce desse pedestal,

Abraça-te ao meu silêncio,

Cerra os olhos…

E voa no meu olhar.

 

Desce desse pedestal,

Abraça-te ao meu mar,

Do meu mar onde escondo as minhas palavras…

E os meus barcos de brincar.

 

Desce desse pedestal,

Flor em papel colorido,

Cerra os olhos…

Dos teus olhos que procuro todas as noites,

 

De todos os luares.

Desce desse pedestal,

E abraça-te ao meu silêncio…

Do meu silêncio… de amar.

 

 

 

Alijó, 20/05/2023

Francisco Luís Fontinha