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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Lágrima de luz

 Sou traço na tua face

Sou o círculo

O quadrado

Sou geometria descritiva

Equação desmiolada

Cansada,

Sou a lágrima,

E não sou nada.

 

Sou o sorriso de luz na tua face

Sou o silêncio disfarçado de alegria

Sou o teu poema-mar

Sou a tua poesia

A cada dia

Sou a lágrima de luz,

 

Nos lábios do luar.

Sou traço na tua face

Sou o círculo de luz com olhos verdes

Sou o vento

Sou a melodia

Da vida em cada vida

Da minha pouco ou coisa alguma,

Sou a lágrima de luz,

Na luz do dia.

 

 

02/11/2023

domingo, 15 de outubro de 2023

Primeiro olhar

 Afinal onde ficou

O teu primeiro olhar

Onde se esconde

O teu primeiro sorriso

A tua primeira lágrima

Afinal onde ficou

O teu primeiro olhar

Onde se esconde agora

O teu primeiro silêncio

Para mim

Afinal onde ficou

A tua primeira palavra

Que se abraçou

Ao meu poema

Afinal onde ficou

Onde se esconde

O teu primeiro olhar

Do teu primeiro beijo

Afinal onde mora

Onde está

A tua primeira alegria

Do dia

Em poesia.

 

 

15/10/2023

domingo, 28 de maio de 2023

O ausentado senhor

 

Desce a rua

O ausentado nocturno

Procura na algibeira o último cigarro do mês

Acende-o

E senta-se junto ao rio

 

Procura na paisagem

As estrelas de além-mar

E as estrelas de ontem

Algures entre o sono

E a décima quinta noite de insónia

 

Desce a rua

O aprumado esticadinho

O ausentado de Domingo

Sem perceber que na mão

Transporta o pecado da palavra

 

Desce

Desce a rua

O ausentado senhor

De livro na mão

Cigarro

O último cigarro do mês

E está feliz

Que feliz ele está…

O senhor

O Dom ausentado

 

Desce

Desce a rua

O ausentado nocturno

Procura um cadáver para alugar

Com vista para o mar

Um pequeno quartinho

E uma sala enorme…

Onde se senta

Onde se deita

Onde morre

 

Desce

A rua

Que desce o ausentado nocturno

Das flores migratórias

E das palavras avulso

Uma estória de morte

E sexo

Durante a noite

 

Desce

Devagarinho a rua do ausentado

Do Domingo de ausência

Em pequenas drageias de silêncio

E o que procura não encontra

Não sabe o que procurar…

E enquanto desce

Desce a rua

O ausentado senhor…

Uma lágrima de saúde desenha-se no seu olhar.

 

 

 

 

Luís

28/05/2023

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Uma pequena lágrima de um pequeno olhar

 Deixo uma pequena lágrima

Em cada livro que leio,

Pinto uma pequena lágrima

Em cada sorriso que se alicerça ao meu olhar…

Deixo uma pequena lágrima

Em cada pedacinho de mar,

 

Deixo um pequeno olhar

Em cada manhã, em cada tarde, em cada noite de mim…

Deixo uma pequena lágrima nas palavras que escrevo,

Nas paredes invisíveis que desenho,

Deixo um pequeno olhar

Na sombra diáfana do luar,

 

E de lágrima em lágrima,

De olhar em olhar…

Há uma pequena lágrima em saudade,

Que grita e se revolta,

Há um pequeno olhar em liberdade,

Que habita e se abraça aos pássaros nocturnos da insónia.

 

 

 

Alijó, 28/09/2022

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

 

Se és o vento,

Leva-me.

Se és um abraço,

Abraça-me.

Se és um beijo,

Beija-me.

 

Se és um livro,

Deixa-me escrever em ti,

Desenhar os teus lábios

Na manhã quando acorda.

Se és a lua,

Semeia a luz no meu corpo cansado,

 

Quando chora.

Se és uma tela,

Deixa-me pintar em ti a Primavera,

Como fazem os pássaros,

Ou as flores,

Como fazem as palavras,

 

Se és uma lágrima,

Diz-me que o poema não morreu,

Diz-me que as palavras

São fertilizante para as tuas tristes noites;

Se és sol…

Não te canses de me iluminar.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 23/02/2022

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A pedra magoada

 

Trazia no olhar

A tristeza das pedras magoadas da calçada,

Sabia que em cada despedida,

Em cada porta de entrada,

Existe a saída,

Existe a madrugada;

Na madrugada de amar.

 

Do silêncio adormecido,

Entre manhãs e correrias desproporcionadas,

Tinha sempre na algibeira um recibo,

E a fotografia das pedras magoadas.

 

Pedras da calçada; digo.

Quando sentia o desejo do amanhecer,

Distante, distante de se ver,

Tão distante de descrever,

Quando podia apenas escrever,

Sem perceber…

As palavras que sigo.

 

Trazia no olhar

A tristeza das pedras magoadas da calçada.

 

Trazia no olhar

A lágrima chorada,

O cheiro a mar,

O cheiro a pedra magoada.

 

Trazia no olhar

A tristeza das pedras magoadas da calçada,

Da manhã ao acordar,

Trazia na mão,

A lágrima de chorar,

Chorar a pedra magoada,

Magoada na solidão

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 29/11/2021