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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Avenida da paixão


Os relógios enferrujados
encolhidos nas tristes alvenarias
as janelas escondidas...
no olhar da serpente

as estilhas adormecidas
nos pregos dentados
os relógios... os relógios encalhados
em rochedos rendilhados

o pólen de um olhar
semeado na escuridão
e os relógios sem fôlego
e os relógios... e os relógios sem pão

e a paixão?
matriculada nas putas avenidas
correndo
saltando... os muros embriagados dos ossos embalsamados

os relógios...
escrevendo na pele da solidão
horários enlouquecidos...
sem vontade de sonhar

sonhar a paixão?
há cadáveres perdidos
na eira da infância...
colchas de linho... suspensas nas árvores tombadas no chão.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 28 de Outubro de 2014