(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Sinto as tuas
finíssimas lâminas de agonia
sobre os meus ombros
de xisto
tenho nos versos a
enxada do silêncio
e no peito a espada
do cansaço
sinto as tuas
lágrimas de estanho
descendo a calçada
como uma fotografia
morta
rasgada
e a noite
constrói-se no teu cabelo
sempre que um
relógio engasgado
adormece no pulso da
insónia,
não existem imagens
nas minhas mãos
tenho medo da cidade
depois de se erguer a madrugada
sinto as tuas
finíssimas lâminas de agonia
sinto as tuas
lágrimas de estanho
nesta triste parede
embriagada
pelo medo
pelo tédio...
morta
rasgada
uma algibeira sem
nome
perdida na estrada
sem nome...
esquecida na perpétua estátua da liberdade.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 14 de
Dezembro de 2014