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domingo, 6 de março de 2016

Da lentidão dos desejos


Simplifico-me nas tuas asas

Deusa do sofrimento

Madrugada em despedida

Quando o corpo cessa de sonhar

E viver

Na esperança perdida…

Sofro

E faço sofrer

A minha mãe querida

Um artista

Camuflado no desejo

Esperando o regresso da paixão

E ela

Não vem

Morre

Como morreu o meu coração

Nas avenidas despidas e incrédulas

E simplifico-me

Nas tuas asas

Minhas esperas…

Sinto o arrepio da morte

Poisado nos meus ombros

A plenitude rebeldia dos teus braços

Entrelaçados no meu pescoço magriço

Frágil corpo nas tuas mãos

Sangrando

O feitiço

Do amor

De amar

Quem me ama?

Seu grande impostor…

O Doutor

Engenheiro

Poeta

E escrivão da corte…

O morto

Vampiro das noites sem sorte

Agora sinto-o

Aprecio-o

E fujo dele…

Ai de mim meu amor indefeso

Cruxificado numa esplanada

Junto ao Tejo

Pois claro

O Tejo

Simplificado

Amargo

O círculo do púbis do amanhecer

Sangrando novamente

Sem o querer…

O viver

A almofada do sentir

Prisioneira do servir

Amargo

Beijo

Da lentidão dos desejos

Coitados

Tão poucos

Os beijos

Amargos…

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 6 de Março de 2016