Vivia
na sanzala de prata,
O
menino dos calções doirados,
Tinha
medo da claridade,
E
dos livros ensanguentados;
Tinha
no quintal uma sombra de lata,
Que
na companhia dos pássaros da cidade,
Dormia
docemente sem idade…
E
sonhava com o mapa.
Queria
fugir.
Desenhar
na terra encharcada
O
mar.
O
medo de partir.
O
medo de regressar…
À
casa abandonada.
Vivia
na sanzala de prata,
O
menino do triciclo em madeira.
Brinca
na sombra da mangueira,
Como
um guerreiro vestido de chapa.
São
palavras de brincar,
São
rosas de sonhar,
São
canções de embalar…
Embalar
o menino da sanzala de prata.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
24/11/2019