Habito,
Habito dentro deste
cadáver emprestado,
Fingindo que este cadáver
emprestado,
Me pertence,
Não,
Este cadáver emprestado,
Nunca,
Nunca me pertencerá,
Habito neste planeta de
enganos,
De estrelas mortas
E de mortas
Palavras,
Não,
Este cadáver não me
pertence…
E terei de o devolver…
E terei de desenhar na
minha mão
Um outro cadáver
Com um outro nome,
Habito,
Habito dentro deste
pequeno círculo,
Que me rouba o sono,
Que não me dá fome…
Habito,
Habito dentro deste livro
que escrevo em segredo,
Sem palavras,
Sem medo…
Apenas desenhando
silêncios…
E rochedos,
Habito,
Habito dentro deste cadáver,
Que não me pertence,
Que nunca me pertenceu…
E sofro,
Muito…
Porque preciso de o devolver…
E não sei a quem
pertence.
01/07/2023
Francisco