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segunda-feira, 30 de julho de 2012

(e não sei amar)

Vivo entre quatro paredes invisíveis
construídas pelo vento
sou metade pássaro
sou metade peixe
(e não sei amar)
e nunca percebi as (mulheres)
confesso
confesso que me é mais simples resolver uma equação diferencial
do que
do que olhar as manhãs de inverno da janela do palheiro onde habito
do que
resolver uma integral tripla

confesso
(e não sei amar)
as cintilações da álgebra linear e geometria analítica
matrizes
confesso que muito mais simplificadas
do que
do que algumas mulheres
(e não sei amar)

as flores
e as noites à espera das sílabas lunares
em rotações complexas
elípticas

o que interessam os protões
electrões
buracos negros
galáxias
deus
se o céu nocturno é tão lindo...

o que me interessa se a água é uma molécula
composta por dois átomos de hidrogénio
e um
e um átomo de oxigénio...

se elas (as moléculas) simplesmente saciam a sede
e refrescam as mãos húmidas das palavras
em telegramas ínfimos ausentes no cadáver da floresta abandonada
(e não sei amar)

dizem
dizem-me que nunca soube amar

e
e fico triste.