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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Os dias falhados


Os dias passados

Esqueleticamente abraçados aos dias sofridos

Quando bem lá no alto das montanhas cansadas

Os dias argamassados aos dias coloridos…

 

Safados.

 

Os dias perdidos na esplanada do adeus

Quando sobre uma pobre mesa de sombra, um livro, voa nos dias premeditados

Por uma lâmina finíssima de luz…

Os dias entre dias,

Os dias encalhados nos petroleiros da fortuna…

Os dias revoltados

Com a forma circunflexa do sangue perfumado,

O dia apaixonado,

Ou coisa nenhuma…

Os dias as mãos e as mãos dos dias,

A forca dos dias desesperados

Numa árvore dispersa na alvorada,

Há dias assim,

Como hoje,

Dias de alecrim,

Dias de clarinete…

E assim,

Os dias dos relógios moribundos,

Meu Deus! Meu Deus, tantos mundos…

Com dias,

Sem dias,

Cem dias dispersados pelas tristes avenidas dos dias desalmados,

E eu, minha querida, por aqui… brincando com os teus dias…

Os dias sem melodia.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Maio de 2017

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Insónia madrugada


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Perco-me nas avenidas de cartão,
levo nos ombros o peso das tardes húmidas,
carrego a insónia madrugada
como se fosse um corpo invisível,
sem palavras,
perdido,
a humilhação do amanhecer
quando eu não queria acordar
e olhar
as avenidas de cartão,
e perde-se o cansaço
num simples sorriso de luar...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2015


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Avenida da paixão


Os relógios enferrujados
encolhidos nas tristes alvenarias
as janelas escondidas...
no olhar da serpente

as estilhas adormecidas
nos pregos dentados
os relógios... os relógios encalhados
em rochedos rendilhados

o pólen de um olhar
semeado na escuridão
e os relógios sem fôlego
e os relógios... e os relógios sem pão

e a paixão?
matriculada nas putas avenidas
correndo
saltando... os muros embriagados dos ossos embalsamados

os relógios...
escrevendo na pele da solidão
horários enlouquecidos...
sem vontade de sonhar

sonhar a paixão?
há cadáveres perdidos
na eira da infância...
colchas de linho... suspensas nas árvores tombadas no chão.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 28 de Outubro de 2014

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Terra prometida


A terra que te prometi, existirá?
o chão lapidado onde rolavam dois corpos de arame, como era o seu nome...
esqueci o significado de noite,
esqueci o horário nocturno das avenidas em flor,
a terra, a terra que te prometi... não, nunca, nunca mais a observei,
antes brincávamos como duas crianças em frente ao mar,
e hoje,
e hoje o chão lapidado onde habitavam os nossos corpos deixou de existir,
havia uma cama fictícia com duas lanternas de silêncio...
havia um apito que assinalava a nossa partida,
partir,
não regressar, nunca, e nunca mais a observei.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 16 de Julho de 2014